Jornal Madeira

“Sou cozinheiro por hobby

Júlio Pereira, chef e empresário de restauraçã­o e do ramo alimentar, foi o entrevista­do de ontem, na rubrica ‘Plaza Com’, uma parceria entre o JM e o centro comercial Plaza Madeira.

- Por Iolanda Chaves ichaves@jm-madeira.pt

Natural da Ericeira, Júlio Pereira aprendeu com o avô a lidar com peixe e com o pai, aos 12 anos, aprendeu a desmanchar uma vaca, competênci­as que o viriam a ajudar na profissão que ele não escolheu de início, mas que lhe moldou a vida.

Para ele, que não se encaixava no ensino convencion­al, a Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, aonde foi parar, aos 16 anos, por iniciativa da mãe, veio a revelar-se a oportunida­de de ‘ouro’ para adquirir conhecimen­tos, consolidar outros, e ganhar o gosto pela cozinha.

Concluído o curso, foi tempo de seguir viagem, mundo fora, em busca de outros saberes e sabores. Aos 18 anos, por exemplo, foi para Itália, e aí ficou um ano. Também esteve em África, na ilha do Príncipe, em

São Tomé e Príncipe, onde trabalhou num hotel, com produção de café cacau, e fazia a ligação com os agricultor­es locais.

Júlio Pereira fala de experiênci­as que foi guardando e refletindo nas suas criações gastronómi­cas. Não tem dúvidas que a cozinha que pratica nos seus restaurant­es é resultado do que vivenciou.

Haveria outras histórias, mas a conversa tinha um tempo e outras questões se impunham sobre o trajeto do convidado, nomeadamen­te, saber quando é que se mudou para a Madeira. Aconteceu, segundo disse, em duas temporadas, a primeira entre 2000 e 2006 e a segunda, que espera definitiva, desde 2013, ano em que nasceu a filha, Maria.

Sobre os produtos da Madeira, admite que o mel-de-cana foi aquele que mais o surpreende­u. Vê na ilha um “paraíso hortícola e frutícola”, o mesmo não diz em relação à carne e ao peixe. Quanto a pratos típicos, a sopa de trigo é a iguaria eleita, de preferênci­a cozinhada a lenha em panela de ferro.

Com quatro restaurant­es no Funchal – Kampo, Akua, Kouve e, há quinze dias, o Theo’s -, na entrevista conduzida por Isabel Nóbrega Sá, jornalista da 88.8 JMFM, disse que, agora, quando lhe perguntam o que é, diz-se “cozinheiro por hóbi e empresário por vocação”.

À restauraçã­o, juntou a empresa Chábom, dedicada à doçaria regional. Nos restaurant­es tem 80 funcionári­os e na fábrica, situada no caminho de Santo António, são 25. São 105 “famílias”, disse. A oportunida­de de adquirir a fábrica aconteceu durante a pandemia, como alternativ­a aos restaurant­es e à falta de mão de obra.

Atualmente assume que não sente a falta de gente para trabalhar e que este era um problema anterior

à covid. Impôs entender e ultrapassa­r o problema. Na opinião de Júlio Pereira, “durante muitos anos a indústria maltratou os colaborado­res”. Pensa também que a restauraçã­o tem sido a salvação de muitos licenciada­s, de áreas distintas, como por exemplo a engenharia.

O empresário admite que o setor “não é um mar de rosas” e reconhece que o cliente “tem evoluído muito”. Diz também, sobre a restauraçã­o, que quem ali trabalho não está para servir mas para “proporcion­ar uma refeição aos clientes”. Pensa que a mediatizaç­ão da profissão de cozinheiro “veio ajudar muito”.

No final da conversa, como é hábito nesta rubrica, realizada em parceria com o JM e com transmissã­o através do canal Naminhater­ra TV, o entrevista­do escolheu a Associação Acreditar para receber um apoio atribuído pelo centro comercial Plaza Madeira.

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Júlio Pereira dirige atualmente quatro restaurant­es e uma fábrica de doçaria regional.

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