Contestatários nomeados
Direção do PSD-M considera que os titulares de cargos públicos, de nomeação política, que estiveram na linha da frente da candidatura de Manuel António Correia, têm de colocar o lugar à disposição.
Alguns dos elementos que integraram a candidatura de Manuel António Correia e que ocupam cargos de nomeação em organismos públicos perderam a confiança política da direção do partido.
Apurou o JM, junto de fonte da cúpula social-democrata, que o posicionamento de diferentes militantes durante a campanha para as eleições internas surpreendeu a direção de Miguel Albuquerque. Principalmente porque tinham merecido, não há muito tempo, claros sinais de confiança, conforme ficou expresso através das suas indigitações para cargos relevantes no setor público.
Ora, atendendo ao facto de terem sido os próprios social-democratas indigitados a liderarem as manifestações contra as orientações da direção que reconquistou o direito de liderar o partido, existe agora a expectativa de que possam também eles assumir a dianteira e apresentar a demissão ou, pelo menos, colocar os lugares à disposição.
Refere a mesma fonte que tal desfecho evitaria um certo desconforto, principalmente para aqueles que desempenham funções de elevado pendor político. Porque já tornaram pública a discordância extrema contra os elementos que lideram o partido e o próprio Governo, que apesar de se apresentar demissionário, continuará a ser assegurado pela coligação PSD/CDS. Pelo menos até ordem em contrário de Marcelo Rebelo de Sousa.
Dois dos referenciados pela direção integram o gabinete da governante Rafaela Fernandes, nomeadamente Altino Freitas (chefe de gabinete da Secretaria Regional de Agricultura e Ambiente) e António Trindade (adjunto da Secretaria Regional de Agricultura e Ambiente). Mas há outros que também deveriam, segundo argumenta a nossa fonte, refletir sobre as condições que têm para continuar a desempenhar funções.
Estiveram igualmente na linha da frente com Manuel António Correia nomes como os de Natércia Xavier (diretora regional da Cultura), Filipa Freitas (vice-presidente do SESARAM), Nuno Perry (diretor de serviços de Cibersegurança) ou Pedro Gouveia (diretor regional da Administração Pública). Personalidades que perderam, na opinião da cúpula social-democrata, espaço para defender as orientações definidas pela estrutura diretiva que entenderam combater nas urnas.
Manuel António Correia, recorde-se, afirmou após a derrota eleitoral que iria estar “particularmente atento” nos próximos dias de forma que “ninguém” fosse “punido só porque apoiou” o projeto que encabeçou.
Raciocínio desadequado, na opinião da nossa fonte, porque subentende que os cargos de nomeação política não advêm da confiança de quem os elege. Ainda assim, pelo menos numa primeira fase, não se vislumbra que o PSD ou o próprio Governo exerça pressão junto de qualquer dos militantes que criticaram a atual direção, preferindo aguardar, no entanto, para que haja honestidade política e abandonem os respetivos cargos.
A ideia central, aliás, até passa por unir o partido. E é esse o desígnio da direção que viu a sua legitimidade reforçada, que quer contar com todos os militantes, mesmo os que votaram a favor de Manuel António Correia, apresentando-lhes um projeto capaz de manter o partido na senda das vitórias. Não quer isso dizer, todavia, que quem esteve na base da candidatura adversária não tenha agora de dar um passo atrás e é isso que o partido julga que terá de ser feito o quanto antes.
Manuel António Correia afirmou após a derrota eleitoral que iria estar “particularmente atento” nos próximos dias de forma que “ninguém” fosse “punido só porque apoiou” o projeto que encabeçou.