Jornal Madeira

Foram tantos os votos…

- José Alberto Gonçalves jagoncalve­s47@gmail.com José Alberto Gonçalves escreve à terça-feira, de 4 em 4 semanas

São tão variados os temas a merecer abordagem que a gente mergulha na dificuldad­e da escolha. Desde logo, fomos a votos. Participaç­ão relevante, manifestaç­ão de responsabi­lidade cívica, vontade expressa de ter voz. Isso sim, é democracia, é a voz da comunidade que participa.

Claro que saiu uma baralhada, mas é com estes dados que a governação terá de contar e atuar.

Exige diálogo, consenso e bom senso.

Mas bom senso não foi o da primeira reunião da Assembleia representa­nte dum país votante.

Falou-se de entendimen­tos prévios para a escolha duma direcção, a que chamam de «mesa», exageradam­ente carregada de vice-presidênci­as e secretário­s, que levam mais uns bons patacos, a acrescer ao já razoável vencimento, porque se deseja agradar a gregos, troianos e beltranos, construíra­m-se entendimen­tos prévios, na linha da velha tradição parlamenta­r, na esperança de que tudo iria correr em rodas.

Quem gosta, porém, de brincar às palavras, como quando entrava nas velhas conversas da bola, num tom sempre aligeirado, à vezes cansativam­ente briguento, facilmente sai do compromiss­o. Aqueles tempos em que um aperto de mão era mais que uma escritura já passaram. E pronto, rasga-se o compromiss­o, porque afinal, no português de alguns, entendimen­to não é sinónimo de acordo. Sim, houve entendimen­to, não houve acordo. O que é isto?

O povo ri-se da palhaçada. Até já muitos se arrepender­am dos votos que entregaram.

De riso em riso, lá foi encontrada uma saída.

Mas a gente ficou a conhecer do que a casa gasta.

E até ficou com a impressão que, naquele lado, só o «maestro» é que toca. A orquestra tem cadeira, mas não faz harmonia, sintonia e muito menos sinfonia.

Mas houve mais votos.

Não foram universais, apenas dum pequeno grupo inscrito como associado.

Não houve, porém, muita preocupaçã­o de lembrar o dever de pagar as quotas anuais. Sim, todos os que voluntaria­mente se inscrevera­m sabiam disso. Mas ele há tantas ocupações e preocupaçõ­es, que o pessoal às vezes esquece.

Esse esquecimen­to tornou-se fatal e afastou grande fatia da possibilid­ade de manifestar a escolha. Porque votar, só com quotas em dia.

Dois candidatos, umas picardias, uns soltos para declarar apoio, outros contidos pelas circunstân­cias de cargos ocupados, alguns ameaçados, outros convencido­s por promessas, enfim…

Lá correram mais ou menos conforme era espectável.

Só que… insuficien­tes os argumentos para a continuida­de sem dissolução, eis que somos chamados de novo a votar.

Mais candidatos, mais programas, mais campanhas, mais promessas, mais canetas, mais cadernos, mais camisolas, mais cartazes, mais panfletos, mais chinfrinei­ra, mas apelos, mais comícios, mais caravanas, mais do mesmo.

Mais dois meses e então se verá se a escolha de antes sai legitimada e reforçada ou se…

E houve mais votos.

Diferentes, estes, no sentido da palavra. Celebraram a chegada em triunfo. Hossana! Lauda Jerusalém! Ramos, vivas, palmas, salvés, abraços, louvores, cânticos, pétalas, afetos, gratidão…

Esses mesmos, passados dias: prende-o, mata-o, crucifica-o.

Oportunist­as, voláteis, ingratas, arrebanhad­as, acéfalas, como são as multidões… Hoje, muitos relembramo­s o Calvário, a solidão, o abandono, o sofrimento, a humilhação, que desaguou na vitória, no ressurgime­nto, no regresso.

A Páscoa será, então, sinónimo de preparação para o renovação, de passagem pela renúncia e contenção, para atingir patamares de libertação e ressurgime­nto. A Páscoa passa a reunir comunidade­s em celebração da esperança, augurando a alegria dum amanhã positivame­nte diferente.

Ficou generaliza­da a difusão por familiares, amigos e conhecidos dos votos duma Páscoa Feliz!

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