PELO ESTREITO ACIMA
Na semana passada, narrei-vos as maravilhas da vila de Câmara de Lobos, aproveitando para relatar-vos o percurso até ao Estreito de Câmara de Lobos, onde experimentamos a Poncha e a Nikita do Palheiro da Adega, e em seguida começamos o nosso pequeno ‘rali espetada’ do Estreito, na Adega da Quinta, onde aproveitámos para relaxar um pouco e preparar a rota sem desvios até à Fajã das Galinhas.
A Fajã das Galinhas, é para muitos, talvez, uma paisagem desconhecida dentro das muitas que esperamos desvendar nesta nossa aventura. Mas já lá vamos. Primeiro, é preciso ganhar forças para se levantar e entrar no carro - a cada paragem, a gravidade, parece exercer mais força sobre os nossos corpos!
Já no carro prontos a arrancar, e um dos meus colegas grita, do banco de trás, com (demasiada) euforia: “Vamos a isso!” - deve ser da Poncha. Mas ele tem razão. Siga Freitas! Subimos a Rua da Vargem, curva, contra-curva, lá está, outra vez, a esquerda cotovelo, e agora é subir a fundo. Mais à frente, demos com uma das subidas mais inclinadas que já vimos, parámos o carro, conferimos se nos tínhamos enganado – nem por isso! Ganhar balanço, primeira a fundo, e rezar por amor de deus que o carro não vá abaixo. E lá vai ele, o nosso repórter de 4 rodas ‘cego e louco’ pela ladeira acima - quase que fazia faísca no crespo.
Na Estrada Nova do Castelejo, antes da descida para a Fajã, encontrámos uma vista panorâmica desde o Funchal até Câmara de Lobos - difícil de replicar. Encostámos o carro, desligámos o motor e ninguém falou, o silêncio invadiu completamente o carro – foi perfeito!
Agora é descer, acompanhados pelas serras e pelo grandessíssimo vale que cai à nossa direita, imponente, enquanto a estrada preenche-se de vários aromas florestais. Rapidamente, chegamos ao fim do percurso. Agora sim, vislumbramos esta Fajã no seu pleno. O vale não principia nem se finda, completando-se na nossa visão e perfazendo a nossa tela. Imperdível! O Estreito é muito mais do que muitos conhecem.
Ali, na Fajã, falámos com um senhor que tinha acabado de sair do autocarro, e junto a um pequeno oratório a Nossa Senhora - nascido dentro de uma cova, naquela montanha rochosa. José contou- nos das dificuldades dos que lá moram devido às fortes derrocadas que, por vezes, caiem sobre o vale, colocando-os em “sobressalto” - confidenciou-nos. Apesar destas vicissitudes, sente-se um homem feliz e satisfeito por viver na Fajã das Galinhas, recheado da natureza e beleza que repousa sobre o local, vivendo em paz. Agradecemos-lhe muito, prometemos-lhe ali voltar e retomamos o nosso trajeto de volta ao centro do Estreito de Câmara de Lobos.