Montenegro enfrenta
Da esquerda à direita, ouviram-se várias críticas ao Executivo liderado por Luís Montenegro, entre as quais a falta de diálogo. BE e PCP avançaram com uma moção de rejeição ao Programa do Governo. PS desafia Montenegro a apresentar uma moção de confiança.
O programa do XXIV Governo Constitucional foi ontem apresentado e discutido na Assembleia da República, num arranque muito intenso e com duras críticas direcionadas a este que é o primeiro Governo minoritário da história do País.
O primeiro-ministro insistiu, desde logo, que a não rejeição do Programa do Governo significa que o Parlamento dá ao Executivo “possibilidade de iniciar funções para executar” este documento. Palavras que mereceram no imediato reações incisivas das bancadas do PS e do Chega.
Pedro Nuno Santos, líder socialista, lamentou "a arrogância" com que o primeiro-ministro se dirigiu ao PS e o padrão da “falta diálogo”, com Luís Montenegro a contrapor o histórico do PS nos anos em que liderou o Governo. Hugo Santos, líder parlamentar do PSD, acusou mesmo o PS de confundir arrogância com verdade e advertiu que é impossível dialogar com quem não atende o telefone, numa farpa que dirigiu ao secretário-geral socialista.
Também o líder do Chega, André Ventura, acusou o primeiro-ministro de querer chantagear os partidos e alertou que “vai correr mal”, insistindo na necessidade de diálogo, tendo Luís Montenegro recusado a crítica e garantido que "há predisposição" para conversar.
Por sua vez, o porta-voz do Livre também acusou o Executivo de falta de diálogo com a oposição sobre o Programa do Governo e Montenegro disse ter registado a disponibilidade
do partido para debater propostas do Orçamento do Estado para 2025.
Já a deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, considerou que o Programa do Governo “não é progressista” e desafiou o primeiro-ministro a sentar-se à “mesa do diálogo” com os restantes partidos, com Luís Montenegro a mostrar-se favorável a essa proposta.
Hoje, o dia promete ser de novo intenso. O BE entregou a sua moção de rejeição ao Programa do Governo, acusando o Executivo de apresentar um documento “cheio de promessas vagas” e que assume o “caderno de encargos dos mais ricos”.
O PCP também avançou com uma moção de rejeição. Ambos os textos têm chumbo garantido, uma vez que o PS já disse que se vai abster na votação.
No entanto, o secretário-geral do PS lançou um outro desafiou ao primeiro-ministro: "A única forma de nós clarificarmos este tema é o líder do Governo apresentando uma moção de confiança", desafiou Pedro Nuno Santos O primeiro-ministro considerou, por sua vez, que o PS pretende “virar o bico ao prego” com esta proposta, contrapondo que a questão é se os socialistas terão ou não sentido de responsabilidade.