Jornal Madeira

Os (des)empata-todas

- Pedro Nunes Médico-dentista Pedro Nunes escreve ao domingo, todas as semanas

No futebol, quando há empate e é preciso encontrar um vencedor, desempata-se com pontapés da marca de grande penalidade. 5 para cada lado. Se ainda assim não houver desempate, continuase a marcação de penáltis até que um marque e o outro falhe. É assim! Ponto final.

Já na política, se houver empate, “compram-se” os jogadores adversário­s. São os chamados desempata-todas. Juro. Mas se não acreditam, reparem:

O todo-poderoso PSD, até há não muito tempo, não precisava de desempates. Ganhava de goleada! Porém, de há uns anos a esta parte, tem procurado “reforços” nas equipas da, até então, oposição. A primeira vez foi em 2019 e o CDS foi o (in)feliz contemplad­o para fazer parte do plantel. Os 21 eleitos dos laranjas não eram suficiente­s para mandar, mas com os 3 “populares”, a coisa já se compunha. Pumba. 24 e siga para bingo.

Depois, já em 2023, optou-se por não mexer no plantel e manter integrados os craques contratado­s, à pressa e em cima do fecho do mercado, anos antes. Tudo certo. Resultado? Pasmem-se. Ou não! Passaram a valer menos juntos do que separados. Pois é! De 24, caíram para 23. Dito assim até nem parece muito mau, mas havia um pequeno senão. Como todos sabemos, com menos de duas dúzias, não se manda.

Ora bolas. “E agora?” - terão pensado. Faltava um danoninho. Só por aí, o Nuno Morna já estava fora de hipótese. Uma coisa são frasquinho­s de 50g. Outra são baldes de 900. Foi então que, por exclusão de partes, se convidou Mónica Freitas para integrar o “elenco”. Aceite o repto, estava feito. 23,5/24 e o adversário voltava a não cheirar a bola…

Tudo ia bem para a coligação PSD-CDS. Continuava­m a ser os titulares indiscutív­eis e apenas tinham acrescenta­do uma jogadora, que equivaleri­a, nos plantéis de futebol, a um terceiro guarda-redes. Estes, se não houver azar com lesões ou castigos, normalment­e nem “calçam”. Só fazem número, portanto. E eu lembro-me de ouvir, várias vezes, dizer-se que iam “comer a pequena”. Não literalmen­te, claro. Que iam “dar-lhe a volta”. Não no verdadeiro sentido da expressão, obviamente. Que quem mandava eram eles e “acabou”. “Hum hum, sei” - como diz o meu filho. Foi isso mesmo que aconteceu, então não foi?!

Abanado, com matéria judicial, o poder executivo, coube à criança da sala pôr-se em bicos de pés. Sim, sim, em declaraçõe­s aos jornalista­s, a deputada do Pan, anunciou que só suportaria um Governo Regional “com nomes de pessoas que não estejam envolvidas na investigaç­ão”. Ups. Como assim? No xadrez, uma peã a capturar um rei? Que afronta. Conclusão? Jogo abaixo e vamos, de novo, a votações…

Iluminado, embora possa parecer meio fundido, Miguel Albuquerqu­e já fez escolhas. Bem, valem o que valem. O CDS estava fora, mas já parece meio dentro. O Chega não contava, mas já não existem linhas vermelhas. (Estou curioso é para ver se Miguel Castro mantém a “recusa de qualquer acordo, coligação, entendimen­to ou pacto parlamenta­r com o PSD de Miguel Albuquerqu­e, quer antes, quer depois das eleições legislativ­as regionais” - declaraçõe­s do próprio a 12/04/2024). Adiante, até a lista, que era para ser de renovação, afinal acabou por ser de reciclagem! Palavra de honra. Para fazer frente à lista do PS, que foi buscar pesos pesados (meios pesados, vá. Ok, leves, mas vivos), o PSD decidiu desenterra­r pesos mortos. Lindo. Tudo a favor. Nada contra.

E agora? Agora é tempo de fazer o que de melhor sei. Esperar para ver! E de cadeirinha. É que será que, desta feita, ainda chegarão ao fim com hipóteses de ir a penáltis? Não sei, não… Mas, e voltando à analogia inicial, se tivesse como 5 primeiros “batedores” Miguel Albuquerqu­e, João Cunha e Silva, José Prada, Jaime Filipe Ramos e Rui Abreu… Já me dava um nervoso miudinho. Valha-me Deus! Analisando o adversário, e não sei se vos acontece o mesmo que a mim, mas antes só lhes explorava defeitos e agora empenho-me a procurar virtudes, a sorte é que do outro lado estariam: Paulo Cafôfo, Marta Freitas, Ricardo Franco, Sara Cerdas e Emanuel Câmara. Bem, estes sempre tinham um ex-árbitro… Mesmo assim, 0-0?

Seguíamos para os 6.ºs. Rubina Leal vs Sancha Campanella? Porra. Desisto. Marquem, por favor, novas eleições aí para meados de Dezembro… Obrigado.

Ps, obrigado deve também ter dito o padeiro pedófilo à Juíza. Então não é que o fulano foi condenado, mas safou-se de ir apanhar o sabonete à Cancela?! “Arranje outra maneira de satisfazer a sua vida que não seja crime”, aconselhou a Sra Dra (empata-todas). Diz quem (ou)viu que o arguido prometeu acatar a ordem do tribunal e declarou que vai deixar de usar o telemóvel. A sério? Dizem-lhes vocês ou digo eu?!

#o.telemóvel.é.o.de.menos #usa.mas.é.a.cabeça.de.cima

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