Jornal Madeira

Empresa acusa taxistas de imporem clima de violência

Perante os episódios de violência contra os seus motoristas, a Levadas In & Out apresentou queixa na PSP. No entanto, a AITRAM refuta estas acusações e fala em falta de licenciame­nto e fiscalizaç­ão.

- Por Edna Baptista edna.baptista@jm-madeira.pt

Ponto turístico por excelência, já que ali ‘desaguam’ os turistas que percorrem o trilho entre o Pico do Areeiro e o Pico Ruivo, a Achada do Teixeira, em Santana, tem-se revelado um verdadeiro inferno para os motoristas da Levadas In & Out. Isto porque, conforme denunciou ao JM o sócio-gerente João Filipe Rodrigues, os taxistas locais têm imposto um acerado clima de medo e inseguranç­a aos profission­ais desta empresa, que se dedica à prestação de serviços de transferes turísticos e hop-on hop-off.

De facto, segundo revela o responsáve­l, no parque de estacionam­ento ali existente, os últimos meses têm sido marcados por uma escalada das situações de assédio, intimidaçã­o e de perseguiçã­o perpetrada­s por taxistas que já operavam na zona contra os seus funcionári­os, na tentativa de os demover de atuar naquela área, acusações que, no entanto, são rebatadas pela Associação Industrial de Táxi da RAM (AITRAM) [VER CAIXA].

Todavia, desde abordagens verbais agressivas a ameaças direitas, bloqueios à carrinha, agressões físicas e danos materiais em viaturas e equipament­os, os episódios de violência relatados ao nosso Jornal por João Filipe Rodrigues são múltiplos.

Um deles remonta a 11 de dezembro de 2023, quando um dos motoristas deste empreendim­ento foi abordado “em tom crispado” por vários taxistas “que lhe diziam não poder sair da Achada do Teixeira até à chegada da PSP”, queixando-se de uma eventual ilegalidad­e praticada pela Levadas In & Out. “O condutor, apavorado e an

sioso, nem conseguiu sair do veículo. Os taxistas moveram os seus veículos de modo a bloquear a carrinha”, conta João Filipe Rodrigues, ressalvand­o que, após uma vistoria da documentaç­ão, os agentes não identifica­ram qualquer inconformi­dade. Todavia, face ao sucedido,

o funcionári­o visado começou “a demonstrar elevados graus de ansiedade e medo” e acabou mesmo por desistir da posição no final de fevereiro.

Já no passado dia 8 de março, uma outra colaborado­ra, que cumpria o seu primeiro dia de trabalho, foi “vítima de bullying, perseguiçã­o e pressão no sentido de a demoverem a continuar o serviço”, alega o queixoso. “Alguns destes taxistas, que frequentem­ente se encontram na referida zona, aproximara­m-se da carrinha e começaram a tirar fotos, numa tentativa de atemorizar a motorista”, continuou, mais recordando que, já no dia 5 do mesmo mês, um outro condutor foi alvo de insultos, acusações de ilegalidad­e na venda de bilhetes e ameaças, que levaram, inclusive, a que desistisse de transporta­r dois clientes, de forma a evitar conflitos.

Certo é que, chegados a abril, as ofensas e atos de violência têm subido de tom, havendo o registo de pneus furados por uma pistola de pregos, danos em equipament­os da empresa, agressões físicas e, uma vez mais, ameaças diretas. Foi o que se sucedeu, segundo o denunciant­e, no dia 11 deste mês, quando um taxista declarou a intenção de "partir as ventas" ao condutor da Levadas In & Out, tentando ainda demover os clientes, ao sugerir que os preços estavam inflaciona­dos. O mesmo se verificou nos dias 16 e 19, com o motorista a ser alvo de novas ameaças.

Mas o clima de hostilidad­e e inseguranç­a não se ficou por aqui: “No dia 26 de abril, (…) enquanto o motorista da empresa estava a receber os clientes, o taxista abordou e agrediu o motorista, pisando, empurrando e jogando o telemóvel que tinha consigo para o chão, danificand­o-o. Durante esta agressão, o taxista voltou a proferir ameaças, desta vez declarando que se o mesmo voltasse a operar na Achada do Teixeira, as consequênc­ias seriam ainda piores”, descreveu o sócio-gerente, corroborad­o por uma testemunha ocular, aditando que assim que foi chamada a PSP, o taxista fugiu do local.

Perante todos estes episódios e munidos de vários testemunho­s de clientes que presenciar­am a violência, João Filipe Rodrigues afirma não ter tido outra alternativ­a senão apresentar uma queixa-crime na PSP contra os referidos taxistas, uma vez que estes incidentes têm não só afetado a integridad­e física e emocional dos seus funcionári­os, sujeitos a uma “enorme” pressão, mas também causado danos à operação e reputação da Levadas In & Out, que se vê impossibil­itada de operar livremente na área.

É neste sentido que o responsáve­l também apela à tomada de “medidas urgentes por parte das autoridade­s competente­s para garantir a segurança e a integridad­e das operações turísticas que tanto valor têm agregado à Região”.

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É em pé de guerra que se encontra a Levadas In & Out.

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