Empresa acusa taxistas de imporem clima de violência
Perante os episódios de violência contra os seus motoristas, a Levadas In & Out apresentou queixa na PSP. No entanto, a AITRAM refuta estas acusações e fala em falta de licenciamento e fiscalização.
Ponto turístico por excelência, já que ali ‘desaguam’ os turistas que percorrem o trilho entre o Pico do Areeiro e o Pico Ruivo, a Achada do Teixeira, em Santana, tem-se revelado um verdadeiro inferno para os motoristas da Levadas In & Out. Isto porque, conforme denunciou ao JM o sócio-gerente João Filipe Rodrigues, os taxistas locais têm imposto um acerado clima de medo e insegurança aos profissionais desta empresa, que se dedica à prestação de serviços de transferes turísticos e hop-on hop-off.
De facto, segundo revela o responsável, no parque de estacionamento ali existente, os últimos meses têm sido marcados por uma escalada das situações de assédio, intimidação e de perseguição perpetradas por taxistas que já operavam na zona contra os seus funcionários, na tentativa de os demover de atuar naquela área, acusações que, no entanto, são rebatadas pela Associação Industrial de Táxi da RAM (AITRAM) [VER CAIXA].
Todavia, desde abordagens verbais agressivas a ameaças direitas, bloqueios à carrinha, agressões físicas e danos materiais em viaturas e equipamentos, os episódios de violência relatados ao nosso Jornal por João Filipe Rodrigues são múltiplos.
Um deles remonta a 11 de dezembro de 2023, quando um dos motoristas deste empreendimento foi abordado “em tom crispado” por vários taxistas “que lhe diziam não poder sair da Achada do Teixeira até à chegada da PSP”, queixando-se de uma eventual ilegalidade praticada pela Levadas In & Out. “O condutor, apavorado e an
sioso, nem conseguiu sair do veículo. Os taxistas moveram os seus veículos de modo a bloquear a carrinha”, conta João Filipe Rodrigues, ressalvando que, após uma vistoria da documentação, os agentes não identificaram qualquer inconformidade. Todavia, face ao sucedido,
o funcionário visado começou “a demonstrar elevados graus de ansiedade e medo” e acabou mesmo por desistir da posição no final de fevereiro.
Já no passado dia 8 de março, uma outra colaboradora, que cumpria o seu primeiro dia de trabalho, foi “vítima de bullying, perseguição e pressão no sentido de a demoverem a continuar o serviço”, alega o queixoso. “Alguns destes taxistas, que frequentemente se encontram na referida zona, aproximaram-se da carrinha e começaram a tirar fotos, numa tentativa de atemorizar a motorista”, continuou, mais recordando que, já no dia 5 do mesmo mês, um outro condutor foi alvo de insultos, acusações de ilegalidade na venda de bilhetes e ameaças, que levaram, inclusive, a que desistisse de transportar dois clientes, de forma a evitar conflitos.
Certo é que, chegados a abril, as ofensas e atos de violência têm subido de tom, havendo o registo de pneus furados por uma pistola de pregos, danos em equipamentos da empresa, agressões físicas e, uma vez mais, ameaças diretas. Foi o que se sucedeu, segundo o denunciante, no dia 11 deste mês, quando um taxista declarou a intenção de "partir as ventas" ao condutor da Levadas In & Out, tentando ainda demover os clientes, ao sugerir que os preços estavam inflacionados. O mesmo se verificou nos dias 16 e 19, com o motorista a ser alvo de novas ameaças.
Mas o clima de hostilidade e insegurança não se ficou por aqui: “No dia 26 de abril, (…) enquanto o motorista da empresa estava a receber os clientes, o taxista abordou e agrediu o motorista, pisando, empurrando e jogando o telemóvel que tinha consigo para o chão, danificando-o. Durante esta agressão, o taxista voltou a proferir ameaças, desta vez declarando que se o mesmo voltasse a operar na Achada do Teixeira, as consequências seriam ainda piores”, descreveu o sócio-gerente, corroborado por uma testemunha ocular, aditando que assim que foi chamada a PSP, o taxista fugiu do local.
Perante todos estes episódios e munidos de vários testemunhos de clientes que presenciaram a violência, João Filipe Rodrigues afirma não ter tido outra alternativa senão apresentar uma queixa-crime na PSP contra os referidos taxistas, uma vez que estes incidentes têm não só afetado a integridade física e emocional dos seus funcionários, sujeitos a uma “enorme” pressão, mas também causado danos à operação e reputação da Levadas In & Out, que se vê impossibilitada de operar livremente na área.
É neste sentido que o responsável também apela à tomada de “medidas urgentes por parte das autoridades competentes para garantir a segurança e a integridade das operações turísticas que tanto valor têm agregado à Região”.