Men's Health (Portugal)

VIVA MAIS

Proteja assim o coraçao

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O coração não

serve apenas para bombear sangue. É um órgão extremamen­te

sensível que poderá estar mais envolvido com as emoções do que

você pensa

Com o coração nas mãos. A frase soa antiga, mas nem por isso deixa de ser menos verdadeira. Por acaso não experiment­ámos já todos essa mesma sensação em algum momento da nossa vida? Mas nem tudo são metáforas ou linguagem poética.

Há mais verdade do que parece em expressões como “ter o coração partido”. E é a Ciência quem o diz. Estudos recentes de várias disciplina­s parecem indicar que estes mitos antigos podem ter algum fundo de verdade, pois foi comprovado que as emoções podem afetar diretament­e e com frequência a saúde cardíaca de uma forma física e tangível. Talvez seja essa a razão, por exemplo, por se produzir um maior número de enfartes às segundas-feiras em comparação com os restantes dias da semana; e a situação piora se estiver mau tempo.

As pessoas que passaram por um trauma grave e repentino, como por exemplo o faleciment­o de alguém próximo, podem experiment­ar alterações físicas no coração. Quando alguém diz que a morte de um amigo lhe tocou o coração, a afirmação provavelme­nte é literal. O coração é um órgão surpreende­nte. Está sempre ocupado com a sua tarefa principal, que consiste em bombear sangue, mas também pode atuar como alarme para o seu estado de saúde, grau de fadiga, nível de stress (e de ira, fator importante no caso dos homens) e até do estado das suas relações. Mantém-no vivo, mas também pode matá-lo se não aprender a escutá-lo e a entendê-lo. É mais do que uma simples bomba. Existe um coração físico e um coração emocional, que responde ao mundo que o rodeia. Nesse sentido, a maioria dos homens está familiariz­ada com fatores de risco como a hipertensã­o e o colesterol, mas temos tendência para descurar os problemas de índole mental, emocional, que, sem sabermos, também estão relacionad­os com este órgão. E é uma pena que assim seja, já que compreende­r o órgão mais milagroso do corpo humano pode melhorar, e até salvar, a sua vida.

De seguida, enumeramos as funções que desempenha o coração e dizemos-lhe o que deve fazer para continuar a funcionar na perfeição.

BOMBEIA

O coração é o único órgão que está em contínuo movimento. Cerca de 70 vezes por minuto, 100.000 vezes ao dia, as quatro cavidades cardíacas expandem-se e contraem-se em perfeita sincronia para fazer circular por todo o corpo o equivalent­e a 9.000 litros de sangue oxigenado diariament­e. O coração envia sangue aos lugares mais afastados, como o cérebro, quadricípi­tes, tecido erétil do pénis (quando é necessário) e, o mais importante, ao próprio músculo cardíaco, que utiliza parte do sangue que bombeia. Apesar do desgaste que sofre, tem uma resistênci­a de longa duração: as paredes do coração contraem-se e distendem-se e as válvulas mantêm o sangue a fluir na direção correta sem interrupçõ­es ou paragens, nem sequer enquanto dorme. Que outra máquina consegue fazer isso durante 80 anos?

Não perca o compasso Segundo um estudo britânico, os homens que fazem exercício habitualme­nte bombeiam mais sangue a cada batimento do que aqueles que levam uma vida mais sedentária. A Associação norte-americana de Cardiologi­a recomenda cinco treinos de 30 minutos de exercício moderado ou três treinos de 25 minutos de exercício vigoroso todas as semanas (lá está o movimento #3porsemana), além de treinos de força de intensidad­e entre moderada e alta pelo menos dois dias por semana. O treino intervalad­o (aumentar a intensidad­e durante vários minutos muitas vezes durante a sessão de exercício) é excelente. De facto, quanto mais rápido for, mais eficiente se torna o coração.

AUTORREGUL­A-SE

A frequência cardíaca varia constantem­ente, até de um batimento para o outro. Isto funciona assim, porque o coração é governado pelas duas partes opostas do sistema neuroveget­ativo. Face

a uma ameaça, o sistema nervoso simpático ativa a resposta de lutar ou fugir, que acelera o ritmo cardíaco. Por outro lado, o sistema nervoso parassimpá­tico, mais calmo, diminui as rotações para que você possa descansar e fazer a digestão. Ambos estão concentrad­os numa disputa constante, dependendo dos estímulos externos e, sobretudo, de como você interpreta esses estímulos. Um “tom” simpático mais alto traduz-se numa frequência cardíaca e uma tensão arterial mais elevadas e um maior risco de episódios cardíacos. Mas quando o sistema nervoso parassimpá­tico é dominante, como ocorre com os desportist­as, a frequência cardíaca diminui e torna-se mais variável. De facto, esta variabilid­ade é um indicador de boa saúde. Não perca o compasso Apps como Elite HRV e Omegawave (ambas gratuitas) podem ajudá-lo a monitoriza­r a variabilid­ade da sua frequência cardíaca. Primeiro tem de estabelece­r um valor de referência. Depois pode comprovar as flutuações diárias para saber quando lhe convém treinar com mais ou com menos intensidad­e.

ESTÁ CONECTADO

Se o extrair do corpo e continuar a fornecer-lhe energia e oxigénio, continuará a bater sozinho. Trata-se de uma propriedad­e única e fascinante do coração. A razão é que este órgão tem o seu próprio sistema elétrico, com células especiais que geram e fornecem impulsos elétricos de forma rítmica para provocar a contração e o

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P.81
Por BILL GIFFORD P.81
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