Men's Health (Portugal)

Equilíbrio e superação

-

Há quatro anos tinha-o convidado para ser capa da Men's Health juntamente com a ex-mulher Sofia Ribeiro. A separação de ambos ocorreu nessa altura, mas avançámos com os respetivos trabalhos de forma distinta. Foi num ano de completa afirmação do Ruben enquanto modelo – meses após a capa, ganhou o Globo de Ouro da SIC – e fazia todo o sentido tê-lo na capa. Só que, como a maior parte dos modelos, o Ruben não tinha um corpo MH, digamos assim. Tinha-o enquanto modelo, mas, para ser um exemplo para os nossos leitores, teve de ganhar mais volume muscular e definição. A memória muscular estava lá, assim como os hábitos saudáveis, mas foi na determinaç­ão que ele superou o desafio que nessa altura lhe lancei.

Ainda hoje o Ruben diz que a capa da Men's Health (em 2013) lhe mudou a vida. Pois bem, o tema voltou à baila nesta sessão fotográfic­a, quando lhe perguntei sobre o que acha que mudou neste tempo: “Sinto que mudou tudo. Aliás, acredito que estes quatro anos foram um período de concretiza­ção de todo o trabalho desenvolvi­do até essa altura. Vistas as coisas desta forma, mudei imenso com a capa da Men's Health, sobretudo a nível de hábitos alimentare­s e rotinas de treino que mantenho até hoje”.

MEDIATISMO VERSUS DEDICAÇÃO

Tenho a certeza que fazer uma capa como a da MH, sobretudo para quem é modelo, é um passaporte para conseguir trabalhos, mas defendo que isso passa rapidament­e se não existir valor na pessoa. “Concordo! Posso ser motivo de interesse e foco de notícias por razões que me são alheias e até posso ganhar prémios num determinad­o ano, mas se a minha base e o meu alicerce profission­al não for o trabalho, tudo desaparece num abrir e fechar de olhos. É com trabalho que se constrói uma carreira”. O certo é que tenho à minha frente um homem inquieto, no bom sentido. Enquanto almoçamos o telemóvel dele não para. E não, não são chamadas femininas. A maior parte está relacionad­a com trabalhos e castings da carteira de modelos que gere na Elite Lisbon. Quando lhe pergunto se o que alcançou já chega e agora é “só” manter, a resposta é tão imediata quanto entusiasta: “Sinto que me falta fazer tudo. Nunca estou satisfeito. Acredito que, depois das coleções de assinatura, a marca Ruben Rua (ou outro nome que decida dar) possa ser uma realidade. Gostava também de ter a minha agência de comunicaçã­o. Quero continuar a trabalhar como modelo e vou dar tudo o que tenho para me tornar no melhor apresentad­or que conseguir. Sou um sonhador sem limites e não consigo viver sem objetivos e desafios”.

O PODER DE INFLUENCIA­R

Na maior parte das vezes, a carreira de um modelo assemelha-se à de um futebolist­a – exceto a parte financeira, na maior parte dos casos. Ou seja, são carreiras que começam e terminam cedo. Mas isso é algo que não preocupa o nosso protagonis­ta de capa. “Honestamen­te, já realizei todos os meus sonhos como modelo. Fiz os melhores desfiles das semanas de moda nacionais e internacio­nais e fotografei para as melhores revistas do mundo. Ainda assim, quero sempre mais. Acredito que o meu posicionam­ento digital me continue a levar para outros voos e que os trabalhos como modelo resultem também por esse motivo”. Ora, isto leva-me a outra área em que Ruben Rua se antecipou - e bem, no meu ponto de vista, tornando-se num dos principais influencer­s do país. Neste momento tem 152 mil seguidores no Instagram e, por isso, tem sido requisitad­o regularmen­te para fazer diversos trabalhos para marcas, como o próprio reconhece: “A comunicaçã­o digital é cada vez mais uma parte importante da minha vida e isso acontece por três motivos diferentes: pela oportunida­de profission­al que representa, por conseguir integrar e suportar as outras atividades (moda e apresentaç­ão) e porque é algo que realmente me dá prazer. Gosto genuinamen­te de comunicar. Gosto de audiências e plateias (visíveis ou não) e não temo o julgamento social”. Por falar em audiências... Ruben Rua confessou-me que a apresentaç­ão é realmente a sua grande aposta e, revelou em primeira mão, que vai lançar o seu canal de Youtube em setembro.

O TRABALHO QUE DÁ TER SORTE!

Sorte. Cunhas. Namoros e namoradas. Nascer com o rabo virado para a lua. Enfim, há um sem-fim de designaçõe­s que comummente se atribuem a quem consegue ter sucesso. Em alguns casos até pode estar correto, mas acredito que, na maior parte deles, essas designaçõe­s soam a uma tremenda injustiça e desconheci­mento do real empenho dessas pessoas. Eu próprio já senti essa desilusão e surpresa, pelo que conversar com o Ruben sobre este tema foi facílimo. Se por norma é o jornalista que faz as perguntas, confesso que assino por baixo a resposta que ele me deu quando lhe perguntei por que acha que tem mais sucesso que os outros modelos. “Talvez trabalhe mais do que a maioria! Ou talvez tenha conseguido antecipar as coisas e, desde sempre, tenha investido nos meus planos B, C e D. Voltei para a Universida­de quando estava no topo da minha carreira internacio­nal. Não tive medo de me sentar numa secretária e ser booker na Elite, quando alguns colegas modelos não compreendi­am por que é que estava a fazer 'trabalho de escritório'. Também nunca me deixei fascinar ou iludir com o sucesso momentâneo. Mas, claro, também teve de existir alguma sorte. Ainda assim, acredito que o sucesso existe porque trabalho muito e tenho fé. Mesmo quando as coisas correm menos bem, sei que o que está por vir é sempre melhor. Não tenho tempo para olhar para o lado e sigo o meu caminho. Apenas isso”, diz-me. Por fim, enquanto saltamos a sobremesa e pedimos apenas um café, pergunto-lhe o que espera desta Men's Health e se sente a responsabi­lidade de ser um exemplo para outros homens portuguese­s. “Não me coloco nessa posição, como um exemplo, mas, se eventualme­nte a ocupar, fico feliz que assim seja. Espero continuar a deixar as pessoas que gostam de mim orgulhosas do meu percurso. Se a minha história as

ajudar, as inspirar ou tornar as suas vidas melhores, aí sim fico francament­e feliz e agradecido”, conclui enquanto paga a conta do almoço. Nada disso. Quem pagou fui eu. Ruben, deves-me um almoço. Ouviste?

O TREINO SEMPRE COMO ESTILO DE VIDA

Ao contrário da mudança corporal em 2013, com este trabalho/capa apenas pedi ao Ruben Rua que mostrasse quem ele é na realidade. O seu dia a dia, sem mais, nem menos. O que come, como se veste, que cremes usa, como gere o tempo de trabalho, que tipo de treino faz, entre outras das suas rotinas. Se a Men's Health é escrita para homens reais, o homem da capa tem de transmitir isso de imediato. Foi nesse sentido que falei com o Ruben, mesmo sabendo que nos dez dias que lhe dei, ele iria intensific­ar ainda mais a sua forma de treinar. “Fiz nove treinos consecutiv­os, alterei o meu plano de treino 3 treinos diferentes, mais longos, com 5 séries e diminuição das repetições ao longo das mesmas – e corri em jejum nos últimos cinco destes nove dias”. Só não queria, nem quero, passar uma ideia de obsessão pelo ginásio. Equilíbrio é a palavra de ordem de um Homem MH. Acima de tudo, é preciso bom senso e percebermo­s quem somos e como nos sentimos bem. “Eu trabalho com a minha imagem, gosto de treinar e preciso de o fazer para me sentir bem. Ainda assim, também gosto de ter prazeres alimentare­s e não viver a minha vida em função dos treinos. Ou seja, o exercício é um complement­o importante, mas a minha vida não se desenvolve em torno do mesmo. Acho que, quando não somos atletas de alta competição, devemos encarar o treino como um prazer e uma fonte de equilíbrio”. Isto aplica-se, obviamente, ao treino e à alimentaçã­o/suplementa­ção. No fundo, há que saber comer, como há que saber treinar. “No meu caso, estão relacionad­os. Treino regularmen­te e tenho alimentos-base no meu dia a dia, como banana, iogurte, aveia, massa integral e bife de peru. Não como saladas, mas a sopa assume um papel fundamenta­l na ingestão de vegetais. No que diz respeito à trash food, bolachas, pipocas e pizza, não são negociávei­s na minha alimentaçã­o”, afirma. Neste breve processo rumo a esta sessão fotográfic­a, o manequim apenas reduziu o consumo de água na véspera e dia de fotos. “Nunca consumi nenhuma substância ilícita na minha vida e a partir daí tenho a consciênci­a tranquila. Teria sido mais fácil optar por isso, mas jamais o faria. Prefiro a prata com suor do que o ouro com ajuda. Ser capa MH deve ser sinónimo de superação e nunca de deturpação”. Moral da história: devemos ser nós os primeiros impulsiona­dores da mudança que queremos ver. Não concorda?

 ??  ?? RUBEN RUA TREINA CINCO A SEIS VEZES
POR SEMANA
RUBEN RUA TREINA CINCO A SEIS VEZES POR SEMANA
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ?? "DEVEMOS ENCARAR O TREINO COMO UM PRAZER E
UMA FONTE DE EQUILÍBRIO"
"DEVEMOS ENCARAR O TREINO COMO UM PRAZER E UMA FONTE DE EQUILÍBRIO"

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal