Ricardo Poupada
TOMÁMOS UM CAFÉ COM O MARK ZUCKERBERG PORTUGUÊS,
UM VISIONÁRIO DO MUNDO DIGITAL. / POR PEDRO LUCAS
Filho de emigrantes portugueses, natural da Nazaré, Ricardo Poupada é um dos empresários de maior sucesso no Canadá, depois de ter criado um projeto digital cuja história se assemelha à do Facebook. Atualmente, é proprietário da 5th Wall Agency, uma empresa especializada em realidade virtual e realidade aumentada, que produziu recentemente o filme A Múmia, com Tom Cruise.
MEN’S HEALTH: Tens uma história incrível de sucesso com o askmen.com. Não achas a tua história parecida com a de Mark Zuckerberg?
RICARDO POUPADA: É difícil de comparar. O impacto do Facebook é medido em ‘biliões’ e o meu só em “milhões”. Mas sim, o ponto de partida é semelhante. As duas empresas começaram num apartamento, com poucos meios, muita criatividade e ambição de ‘fill the gap’ de uma oportunidade de mercado. No nosso caso, era conteúdo lifestyle exclusivamente digital para homens entre os 18 e os 34, que em 1999 era um conceito inovador.
Sentes mais orgulho de o ter criado ou de ver onde chegou?
De ver onde chegou, especialmente porque já está presente em mais de 10 países e continua a ter sucesso.
O projeto cresceu tanto que se tornou apetecível vender?
Foi vendido porque pensei que ao integrar a IGN (e depois Fox Media) cresceríamos muito mais. Não vou dizer por quanto o vendi, mas posso dizer que meses depois de o ter feito, o site foi revendido por montantes consideráveis.
O que fizeste a seguir?
Sempre estive ativo no mercado das startups, através de investimentos diretos e indiretos (através de fundos privados).
Foi assim que descobri o enorme potencial da realidade virtual e aumentada e fundei a 5th Wall. Vi nela uma oportunidade de participar na próxima revolução tecnológica.
Como é que se pode ganhar muito dinheiro nesta área digital?
É preciso ter um bom equilíbrio entre receitas publicitárias, Ecommerce, off-line (marketing experimental) e assinaturas (falando do espaço digital dos media). Ninguém pode sobreviver só com publicidade. É crucial criar um modelo de negócio que justifique que um utilizador pague por ele num determinado site. Ser único e ter um produto com ‘secret sauce’ continua a ser fundamental.
A seguir ao digital, o que virá?
Sem dúvida que será a realidade virtual e aumentada. Elas irão ter um impacto semelhante ao dos telemóveis.
Que fatores mais contribuíram para o teu sucesso?
Primeiro que tudo, a humildade de saber que tinha muito por aprender. Se todos os dias aceitarmos que há uma lição para ser aprendida, nunca se para de evoluir. Segundo, ter uma excelente equipa. Terceiro, ter um bom plano e preocuparmo-nos com os detalhes. Por fim, dizer que só quem arrisca é que alcança o sucesso. Não tenham medo de arriscar na vida, os momentos de maior incerteza são também as melhores oportunidades.
Vês-te um dia a viver em Portugal?
É um sonho. Nos últimos anos, tem-me surpreendido o talento português a nível tecnológico e, por isso, seria passo possível. A mão de obra portuguesa é muito competitiva - comparativamente com a que existe no Canadá ou nos E.U.A. -, e poderia criar um produto digital de valor com menos gastos. Se não fosse isso, sonho um dia gerir um clube de futebol.