Men's Health (Portugal)

You know nothing Jon Snow

A PRIMEIRA DAS MINHAS CRÓNICAS É SOBRE O JOÃO, O TAL, OU NEM POR ISSO. / POR NAOMI

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SOBRE O JOÃO. O rapaz com quem me tenho mantido em contacto nos últimos três meses, apesar de não ser o tipo de contacto que ambos pretendêss­emos: o físico.

Ora bem, quando é que o conheci? Numa cidade bem a norte da capital, a cidade mais a norte de Portugal.

É o meu king in the north e as similarida­des com o Jon Snow não poderiam ser maiores: a estrutura óssea, o cabelo escuro ondulado e os olhos de um chocolate quente. Vimo-nos a primeira vez num dia escaldante, nublado com o fumo do fogo todo em nosso redor, o céu estava de luto e o sol pintado de negro. Fomos apanhados no meio do inferno.

O país estava todo em chamas, tal como o meu coração quando o vi pela primeira vez. Os fogos deixaram de alastrar pelo território, mas não o que eu senti por ele. Tivemos a sorte de ter amigos em comum e saímos todos juntos à noite. No bar, não conseguia tirar os olhos dele, tudo nele me encantava. Começou a brincar comigo e eu já não sabia quanto tempo lhe conseguiri­a resistir. Mas encontráva­mo-nos em público, com amigos, que além de amigos são também colegas de trabalho. Sabíamos que não nos podíamos

envolver, pelo menos não em frente deles, mas a verdade é que a nossa química já não se conseguia ocultar. Qualquer cego pressentir­ia o que iria suceder. Decidimos ir para outro bar. Cada minuto que passava tornava-se mais e mais difícil de ocultar, mas nós nunca falámos sobre isso. Quiçá estivesse tudo dentro da minha cabeça. Mas após duas músicas e várias selfies de grupo ele enviou-me uma sms, “Vamos?”. SIM!!!Eu saí primeiro, tentando que ninguém desse pela minha ausência. O João saiu poucos minutos depois. Quando nos vimos numa rua lateral ao bar corremos de encontro um ao outro e beijámo-nos simultânea e instantane­amente. Jamais passei por algo tão sensual, tão recíproco e com tão poucas palavras.

Algo pelo qual sentisse tanto desejo e um desejo que tivesse sido satisfeito tão celerement­e. Nunca quis tanto beijar alguém assim. Decidimos dar um passeio, não só para estarmos a sós, mas também para nos afastarmos das vistas. Durante o nosso passeio, já de mãos dadas, encontrámo­s um colega que parecia estar claramente bêbedo. Numa reação quase inconscien­te e coincident­e soltámos as mãos. O nosso colega abordou-nos e perguntou se queríamos boleia, ao qual respondi que voltávamos a pé porque precisávam­os de apanhar ar. Até ao dia de hoje questiono-me se ele nos estava a seguir. Primeiro, porque estava no mesmo bar que nós antes de sairmos. Segundo, porque se encontrava sozinho. Terceiro, porque ele também parecia interessad­o em mim. Bem, mas a verdade é que 95% dos nossos colegas estavam interessad­os, não só por eu ser a única mulher no grupo, mas também porque sou alvo de elogios recorrente­s por parte de elementos masculinos (e não só…;)). Nessa noite não se passou muito mais além de beijos prolongado­s e abraços. Mas a promessa de algo mais ficou e eu já estou a contar os dias.

NO DIA SEGUINTE REGRESSEI À

BASE, LISBOA. Desde aí que eu e o

João falamos diariament­e, mas ainda não houve oportunida­de de estarmos juntos.

No entanto, estamos a tentar combinar um encontro a meio caminho para os dois. Ele declarou que desde que me conheceu não esteve com mais ninguém, que não anda no engate, diz ele. Obviamente que eu não acredito nisso. Ele vai a bares e discotecas todos os fins de semana eéoBFFdopl­ayboy da terrinha, que até é famoso no Instagram. E mais, tem uma melhor amiga. E não, não é lésbica. Nem feia. Queméo homem atraente de 29 anos que tem uma melhor amiga gira e não a come? Não me tentes enganar, Jon Snow… Sem dramas… também não tenho estado propriamen­te sozinha aqui na capital. O que me leva a falar do David, o miúdo que ainda está na faculdade. É bastante mais novo do que eu, tem 20 anos (mas 90% dos rapazes com quem saio são sempre bem mais novos do que eu). É bonitinho, bastante alto e inteligent­e e… he’s got the big D. Como nos conhecemos? Esta é uma história bem pequena, ao contrário de certos atributos na sua posse. Um belo dia, enquanto navegava pelo Facebook, numa página qualquer que não recordo e lia os comentário­s, li um que me desagradou e decidi ver o perfil do autor. Às vezes faço isso só para aumentar o meu ego e comprovar que essa pessoa não vale nada e eu sou a dona da razão. Na visita a esse perfil, reparei no canto inferior esquerdo o mosaico dos amigos e um desses amigos chamou-me a atenção. Carreguei nesse perfil, percorri algumas fotografia­s…

ELE VAI A BARES E DISCOTECAS TODOS OS FINS DE SEMANA EÉOBFFDOPL­AYBOYD ATER RINHA QUE ATÉ É FAMOSO NO INSTAGRAM. E MAIS, TEM UMA MELHOR AMIGA. E NÃO, NÃO É LÉSBICA. NEMFE IA. QUEMÉO HOMEM ATRAENTE QUE TEM UMA MELHOR AMIGA GIRA E NÃO A COME?

WOW! NÃO É LINDO? Tinha um rosto bonito com olhos de um azul-turquesa e cabelo pelos ombros.

Nunca envio pedidos de amizade, as pessoas é que os enviam para mim. Mas, para este miúdo, decidi enviar.

Ele aceitou, mas nunca trocámos mensagens. Esporadica­mente, quando eu colocava uma foto nova ele, colocava um gosto. Passados vários meses da nossa “amizade” virtual decidi enviar-lhe mensagem. Olá. Também vives em Lisboa? Eu também. E assim começou. Combinamos um café e após 3 saídas ele já estava a cozinhar para mim na sua casa. Temos percorrido a Baixa de mota, sem a preocupaçã­o do trânsito ou do estacionam­ento e isso tem sido fantástico. Começo a achar que ele deve pensar que somos namorados e isso assusta-me um pouco. Tem sido bom dormir em casa dele, além disso tem sentido de humor e inúmeras ideias para planos de fim de semana. Já mencionei que ele tem o big D? E dura todo o tempo que eu quiser, o que é fantástico. O mesmo não se pode dizer do meu ex-namorado, aquele que teve a sorte de me “prender” há uns quatro anos. Também tinha esse atributo, mas a duração não ia além de 5 minutos, quanto muito. As pessoas prendem-se facilmente. Ou porque estão habituadas à rotina ou porque têm medo da mudança ou porque não têm energia para procurar algo melhor. E as piores relações são, sem dúvida, as pré-universitá­rias. O que eu queria quando tinha 16 anos não era certamente o que eu queria com 22 anos e claramente não é o que quero agora. As pessoas têm que começar a entender quando é que uma relação já está corroída e cortar o mal pela raiz e traições não deviam ser uma hipótese a considerar. Prefiro um homem solteiro que come uma gaja diferente todos os dias do que um homem comprometi­do que tenha traído uma única vez. Voltando ao David, há um “mas”, porque tem sempre que o haver e este não seria exceção. Sinto que não me sinto assim tão atraída por ele. É como se fosse apenas um hobby do qual me vou fartar rapidament­e, como quando me dediquei à numismátic­a. Quando o vejo, quando estou com ele e quando penso nele não sinto o mesmo calor que sinto pelo João. O que tenho com o David é aquilo que denomino de atração racional, ou seja, apresenta os requisitos principais de boa aparência e personalid­ade. Mas não me atrai. Tenho um feeling que o João tem um small D. Quando nos abraçámos e o consegui sentir, não senti um grande vulto, mas a verdade é que pensar nele e estar perto dele me excita imenso. O “amor” é estranho.

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