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SIM, ESTA VAI CONTINUAR A SER UMA IMAGEM RARA
A partir desta segunda-feira, os estabelecimentos comerciais que assim o entendam têm via livre para abrir portas aos animais de companhia. Mas a adesão vai deixar muito a desejar.
É já esta segunda-feira, dia 25, que entra oficialmente em vigor a lei que viabiliza a presença de animais em restaurantes e bares. Quer isto dizer que as portas se vão escancarar para os companheiros de quatro patas? Não. É que a entrada dos animais de companhia só acontecerá nos estabelecimentos que o desejem. E, para já, são muito poucos.
A garantia é dada pela Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo. “Pelo feedback que temos dos nossos associados, a maior parte não vai permitir o acesso”, garante António Condé Pinto, presidente executivo da APHORT, a propósito dos efeitos de uma lei que foi polémica desde o dia zero.
“Se um cão morder um cliente seremos nós os responsáveis. E como vamos saber se não têm problemas de saú-- de?”, questionou José Manuel Esteves, diretor-geral da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), em fevereiro, dias depois de a lei ter sido aprovada pelo Parlamento.
Quase um mês depois, o diploma foi promulgado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Mas continua a merecer resistência. “A questão é: a lei vem corresponder a uma necessidade da sociedade ou é só uma pretensão de quem legisla?”, pergunta António Condé Pinto, alertando para o risco de os animais serem um “fator de perturbação”.
Já Cristina Rodrigues, dirigente do PAN, um dos partidos que “apadrinhou” a nova lei, congratula-se com o fim da proibição e garante que o resto
vem com o tempo. “A fraca adesão não surpreende, tendo em conta o alarmismo que houve. As pessoas ainda têm de se adaptar”, defende, acrescentando: “A nossa intenção nunca foi impor nada, foi dar essa liberdade. E nesse aspeto o objetivo foi cumprido.”
Para Diana Sousa, proprietária do espaço Montana Lisboa Café, “amigo dos animais” desde que, em março, a lei recebeu luz verde do PR, o novo diploma chegou em boa hora.
“Tem corrido super bem. Nunca tivemos nenhuma situação em que os clientes se sentissem desconfortáveis por causa dos animais. E para quem os traz é uma boa notícia: sentem que o animal deixa de ser um objeto e passa a ser um membro da família”, diz Diana, (ainda) uma exceção à regra.