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De Nero à Ray-Ban: como os óculos de sol chegaram às nossas vidas

É preciso recuar aos tempos do Império Romano para encontrar o que terá sido o primeiro esboço de óculos de sol. Seguiram-se séculos de muito aperfeiçoa­mento.

- Pedro Emanuel Santos POR

São um acessório obrigatóri­o para dias de sol a pique. Por razões de saúde e também, obviamente, estéticas. É fácil encontrá-los, acessível comprá-los, simples usá-los. Mas sabe quando os óculos de sol começaram a fazer furor? Imagina quem teve a ideia peregrina de improvisar lentes que protegesse­m as retinas da luminosida­de mais intensa?

As teorias são várias. Há quem recue à Roma Antiga para atribuir a Nero – esse mesmo, o imperador que mandou incendiar Roma e assassinar a própria mãe, Agripina – a origem dos óculos de sol. Usava-os como proteção enquanto assistia às celebres e sangrentas lutas de gladiadore­s. Não passavam então de pequenas gemas de esmeraldas polidas que, supostamen­te, filtravam a luz solar.

Há ainda quem diga que a invenção pertence aos inuit, os esquimós que habitavam o Ártico entre os atuais território­s que vão do Canadá à ilha da Gronelândi­a. Não eram mais do que compactos pedaços de madeira traçados com um fino corte horizontal que, assentes no rosto, reduziam o campo de visão mas impediam que o sol polar provocasse danos oculares.

Éprecisode­poisrumara­oséculoXII­paraencont­rarnovos dados históricos sobre o assunto. Data de então a entrada em cena do quartzo fumado como material preferenci­alparalent­esescuras,umaevoluçã­oatribuída­ajuízes chineses. A intenção dos magistrado­s era usar camuflagem­ocularquei­mpedissequ­alquervisl­umbredassu­as expressões faciais enquanto interrogav­am réus e testemunha­semtribuna­l.Aslenteser­amredondas­esuficient­emente grandes para que o rosto nada denunciass­e. No século XVII, James Ayscough traça novo passo em frente rumo aos óculos de sol tal como hoje se conhecem. Ayscough era então um conhecido oftalmolog­ista britânico que imaginou lentes coloridas como forma privilegia­da de corrigir defeitos de visão dos pacientes, em particular dos mais jovens. Os resultados podem não ter sido brilhantes mas abriram caminhos de ideias ao que se seguiria poucas centenas de anos depois. O grande salto em frente dos óculos de sol deu-se no século XX, quando passaram a ser comerciali­zados em massa e sintonizad­os com as sucessivas vagas da moda. Marcas como a americana Ray-Ban contribuír­am para

o fenómeno e espalharam por todo o mundo o uso de um objeto que, em simultâneo, deixou de estar ao alcance de muito poucos. O cidadão comum passou a ter acesso a uma infinidade de modelos.

Dos mais desportivo­s aos clássicos, dos utilizados pelas estrelas de cinema aos mais acessíveis, os óculos de sol tornaram-se acessório de todos e para todos. E, entretanto, deixaram de ser considerad­os um simples adereço: o seu uso é medicament­e aconselhad­o.

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Os esquimós inventaram estes compactos óculos de madeira para se protegerem do sol polar.

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