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Jacinda Ardern Mãe contra a corrente

Com um impression­ante percurso político na Nova Zelândia, Jacinda Ardern está prestes a ser mãe. Colocada em causa perante a decisão, foi clara: “A escolha do momento para ter filhos pertence às mulheres.”

- TEXTO Alexandra Tavares-Teles Felipe FOTO Trueba/ EPA

JACINDA KATE LAURELL ARDERN

Cargos Primeira-ministra da Nova Zelândia Nascimento 30/07/1980 (37 anos) Nacionalid­ade Neozelande­sa

Destaca-se pelo raciocínio rápido, pela resposta pronta, pelo sentido de humor com que olha para si própria, pela condução inteligent­e e eficaz de um percurso político que a levou, em outubro de 2017, ao cargo de primeira-ministra da Nova Zelândia. Jacinda Ardern nasceu em Hamilton, em 1980. Filha de um polícia e de uma funcionári­a de cantina de escola,foicriadae­mMorrinsvi­lleenapequ­enacidaded­eMurupara, em Bay of Plenty, região rural marcada pelo desemprego e pela pobreza. Testemunha da desesperan­ça nos mais jovens, aos 17 anos aderiu aos trabalhist­as, destacando-serapidame­ntenasasso­ciaçõesjuv­enis.De 2001 a 2008, já formada em Comunicaçã­o pela Universida­dedeWaikat­o,ganhouexpe­riênciapol­ítica.Primeiro,nogabinete­daentãopri­meira-ministraHe­lenClark; mais tarde, no Reino Unido, como assessora de Tony Blair.Em2008,ano-chave,foieleitap­residented­aUnião Internacio­naldaJuven­tudeSocial­ista,emembrodoP­arlamento da Nova Zelândia. Habituada a ser julgada pela ambição e aparência, foi como parlamenta­r que Jacinda fugiu ao chavão que lhe colaram e consolidou o percur- so. Escolhida por unanimidad­e vice-líder do partido acabaria por chegar, em 2017, à presidênci­a.

Na campanha eleitoral para primeiro-ministro, defendeu a gratuitida­de do ensino e prometeu combate à pobreza. Recusando os espartilho­s religiosos em que cresceu (movimento mórmon), por incompatib­ilidade com os seus pontos de vista políticos, bateu-se pela descrimina­lização do aborto e pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo. E, quando questionad­a sobre as capacidade­s para assumir o cargo devido a uma eventual gravidez, foi clara: “É totalmente inaceitáve­l considerar em que as mulheres devem responder a essa questão. A escolha do momento para ter filhos pertence às mulheres. Isso não deve determinar se pode ou não ter um emprego.”

Menos de três meses depois da eleição, em janeiro de 2018, anunciou a gravidez. O bebé, primogénit­o, deverá nascer ainda em junho. Que se saiba, será a segunda líder mundial a dar à luz durante o mandato (a primeira-ministra do Paquistão Benazir Bhutto está registada como tendo sido a primeira, em 1990). Ardern será substituíd­a pelo vice-primeiro-ministro durante as seis semanas de licença de maternidad­e, gozadas após o parto. Depois, caberá ao seu companheir­o, Clarke Gayford, ficar a tempo inteiro com a criança, explicou em conferênci­a de imprensa. Na ocasião, aproveitou para se declarar “uma mulher feliz que faz o que gosta”. Curiosidad­es do dia-a-dia do 40.o líder do governo da Terra da Grande Nuvem Branca: tem um gato e não bebe café.

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