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DOENÇA DEIXOU-O DEZ ANOS À DERIVA

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Tinha 20 anos quando lhe fizeram o diagnóstic­o: diabetes tipo 1. Bastian Hauck, alemão, amante da vela, só teve uma dúvida: “Vou poder continuar a navegar?” Resposta: “Esqueça, é diabético, nunca mais poderá ir para o mar.” Foi ao fundo como se tivesse uma âncora presa aos pés. Durante dez anos só fez “asneiras”. Não aceitava a doença, não falava com ninguém sobre a mesma, não controlava os níveis de açúcar, teve dezenas de episódios de hipoglicem­ia que acabaram no hospital. Deixou a doença à deriva enquanto fazia uma pós-graduação em Relações Internacio­nais em Beirute, tornando-se especialis­ta em política externa do Médio Oriente. Dez anos depois daquele “não” decidiu pesquisar na internet até onde outros diabéticos eram capazes de ir. Encontrou um blogue, no qual ciclistas americanos contavam como tinham pedalado de costa a costa. Contactou-os, tirou dúvidas e lançou-se ao mar. Durante três anos, Bastian navegou à vela como nunca, conheceu-se, aprendeu a ouvir os sinais do corpo, a saber gerir a diabetes. “Foi arriscado, mas acabou por mudar a minha atitude em relação à doença.” Fundou uma rede de diabéticos online (www.dedoc.de), publicou livros, fez um filme e partilha a sua experiênci­a para que outros doentes percebam que não há assim tantos limites inultrapas­sáveis.

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