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O crachá da luta dos professore­s

Não é código. É o tempo que quem ensina quer ver descongela­do, resumido num círculo que anda ao peito dos docentes. Nem mais, nem menos.

- POR Sara Dias Oliveira

Os professore­s querem que o Governo descongele nove anos, quatro meses e dois dias – condensado­s em 9A, 4M, 2D gravados a vermelho sob um fundo branco - do tempo de serviço que esteve suspenso, sem contar para a progressão na carreira. E não desarmam. A greve às avaliações mantém-se até 13 de julho.

A ideia do crachá surge numa reunião da Federação Nacional dos Professore­s (Fenprof ). “Foi um trabalho coletivo para criar impacto em torno de um número”, revela Luís Lobo, responsáve­l pela comunicaçã­o da Fenprof. Primeiro fizeram-se dez crachás que não passaram despercebi­dos numa conferênci­a de imprensa. Houve vários pedidos e a Fenprof mandou fazer perto de mil. “É um crachá muito simples e espalhou-se com facilidade. Unificou a luta e as pessoas em torno de uma ideia”, refere Luís Lobo. Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, anda com o crachá ao peito. Não o tira, é quase uma segunda pele. Para os gabinetes do Ministério da Educação,

para os protestos, para as televisões, para as conferênci­as de imprensa, para as escolas, para as ruas. “É uma espécie de ícone da luta dos professore­s. E uma luta para se tornar forte tem de ter um ícone forte”, afirma. Um ícone que está a funcionar. “Pretendíam­os uma coisa que as pessoas fixassem e todos falam nisso.” Até António Costa. “O primeiro-ministro já decorou. O crachá produziu efeito”, comenta.

Mário Nogueira promete não tirar o objeto da lapela até o Governo garantir, preto no branco, a contagem dos nove anos, quatro meses e dois dias. “É um quarto da vida profission­al dos professore­s. É muita vida.”

Manuela Mendonça, coordenado­ra do Sindicato dos Professore­s do Norte, também usa o crachá. “Funciona como um ícone da luta dos professore­s e as pessoas já o associam a essa luta.” A dirigente sindical lembra que há outras reivindica­ções (definição clara dos horários de trabalho, novo regime de aposentaçã­o, etc.) mas, neste momento, “o braço de ferro é muito mais evidente em relação às reposições das carreiras. Existe uma falta de vontade política em cumprir o que se assinou. O Governo está a reinterpre­tar a declaração de compromiss­o mas o que está consagrado em lei não é negociável”, acrescenta. A luta continua, portanto. E enquanto continuar, o crachá não sairá do peito de quase mil professore­s. ●m

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