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CAMINHA, A MECA DA CERVEJA
Durante quatro dias, o ArtBeerFest promete juntar mais de 30 mil pessoas no Alto Minho. É um dos festivais mais importantes da Europa e desta vez traz produtores dos Estados Unidos, Canadá e Israel.
Só da Galiza vêm quatro autocarros. Outros espanhóis atravessam o Rio Minho de barco, a remar (sim, a sério), talvez para ganhar sede. E ainda há os que chegam dos Estados Unidos, do Canadá e de Israel. Todos têm a cerveja como credo. Se for artesanal, então, nem se fala. São parte das esperadas 30 mil pessoas que, a partir de quinta-feira 12, se juntam numa espécie de peregrinação até Caminha, para o ArtBeerFest. “Há muito nerd da cerveja que vem de toda a Europa.” O cartão-de-visita é exibido por Octávio Costa, um dos três mentores de um festival que, a caminho da sexta edição, já advoga o estatuto de “um dos melhores da Europa”. Certo, Octávio é suspeito. Mas há outros dados que apontam para a justiça desta fama. Um deles é a distinção recente da associação sueca de cervejeiros, que considerou o ArtBeerFest como um dos cinco festivais que melhor souberam transmitir a mensagem da “craft beer revolution” (movimento à escala internacional em que a cerveja artesanal ganha preponderância) e um dos mais ecléticos da Europa.
“Temos um ADN muito próprio e uma relação global com os cervejeiros internacionais. Aqui estão desde os melhores do Mundo aos ‘rookies’, aquelas empresas locais que ainda estão a começar”, explica Octávio.
E se a presença de alguns dos mais reputados cervejeiros europeus se tornou rotineira (ver caixa), em 2018 o evento conta, pela primeira vez, com a presença de produtores de outros continentes – Estados Unidos, Canadá e Israel são os países extraeuropeus representados. Mas também estarão em Caminha cervejeiros de Espanha, Itália, Croácia, Noruega, Reino Unido, Dinamarca, Hungria e Grécia. Ao todo,
são 11 países e 250 estilos de cerveja. Entre as presenças confirmadas, destaque para a Pink Booth Society, uma associação internacional liderada por mestres de cerveja mulheres; e para a People Like Us, que reúne os produtores de uma organização de autismo dinamarquesa e cujas vendas, durante o festival, reverterão para a Federação Portuguesa de Autismo.
Tudo isto entre muitos projetos nacionais. E com novidades. “Muitas cervejeiras procuram adequar a calendarização dos novos produtos ao festival, para que o lançamento de edições especiais de cervejas aconteça em Caminha”, promete Octávio Costa. Quanto às últimas tendências, há para todos os gostos: do Extra Brut IPA (em que é utilizado hidromel), às cervejas sem glúten, passando pelas que são maturadas em barricas de vinho ou baseadas em mostos de uvas (“grape ale”). Mas nem só de cerveja vive o ArtBeerFest. Também há comida de rua, com degustações promovidas por cozinheiros e chefs (as conservas artesanais e os fumados caseiros são algumas das principais apostas), e ouvir-se-á música, muita música, de bandas a DJs. Tudo num evento que, num abrir e fechar de olhos, se fez um marco importante da indústria cervejeira portuguesa.
Foi há cinco anos que Octávio Costa se aliou a Miguel Pena e Pedro Giestal para lançar as sementes de um festival que, garante, “iniciou a revolução cervejeira portuguesa”. E prossegue: “Cá, só havia quatro ou cinco projetos. Achámos que precisavam de visibilidade e quisemos promover uma aproximação entre quem produzia e o consumidor.” Desde então, o trio tem-se aventurado na organização de outros eventos pelo país, como o Porto Beer Fest, mas
não há amor como o primeiro, o do Alto Minho. “O ArtBeerFest é a menina dos nossos olhos, até porque somos de Caminha e gostamos de fazer isto na nossa zona. E é interessante ver como a partir de uma pequena localidade o evento se expandiu, ao ponto de se tornar o festival de cerveja artesanal mais importante do país”, destaca o empresário. Uma Meca da cerveja, dirão muitos. ●m
LOCAL
Centro Histórico de Caminha
HORÁRIOS
Quinta 12: das 17 às 2 horas Sexta 13: das 17 às 2 horas Sábado 14: das 13 às 3 horas Domingo 15: das 13 às 21 horas
PREÇOS
O acesso ao festival é livre, mas para degustar as cervejas é preciso comprar o copo oficial de vidro personalizado (3 euros), além das fichas de consumo. O preço das cervejas varia entre 2 e 4 euros.
TRANSPORTE
Para quem não encontre alojamento na vila, a organização providencia um transporte noturno, que pode ser utilizado mediante a aquisição de uma pulseira Beer Bus (10 euros para quatro dias).