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A avó veio trabalhar (e o avô também)
Na pequena loja-atelier do projeto “A avó veio trabalhar”, no Poço dos Negros, em Lisboa, há todos os dias várias avós entregues a lavores. O projeto, criado em 2014 pela Associação Fermenta, junta a componente de partilha e reinserção socioprofissional dos mais velhos com a criação de produtos artesanais únicos, ou não tivesse sido criado por um psicólogo, Ângelo Campota, e uma designer, Susana António. “É uma hub criativa para pessoas com mais de 60”, conta Susana António. A comunidade reúne-se no ateliê para participar em projetos específicos, seja a execução de produtos artesanais para um cliente ou um workshop para turistas. É sempre trabalho com um propósito, prazo e controlo de qualidade. “As pessoas valorizam o trabalho que fazem quando ele é valorizado por terceiros e quando há uma utilidade, em vez de ser apenas uma coisa para ocupar o tempo”, explica a fundadora e diretora criativa do “A avó veio trabalhar”. Já fizeram, por exemplo, flores decorativas para o Festival de Cannes e merchandising para o festival Bons Sons e para o ILDA arraial pride. O projeto não paga diretamente às avós: enquanto negócio social que é, o dinheiro ganho é reinvestido na sustentabilidade do projeto, na compra de mais materiais e em passeios e visitas do grupo. Atualmente, têm 70 avós inscritas e, no ano passado, iniciaram também “O avô vem trabalhar”, que tem 12 avôs que trabalham cerâmica, madeira e serigrafia.