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Filipe Carvalho O “motion designer” que ganhou um Emmy
É do seu escritório em Carnaxide que parte a inspiração dos projetos que desenvolve rumo a alguns dos principais clientes nos Estados Unidos da América. Conquistou nome nas indústrias da televisão e do cinema. Não lhe falta trabalho. O mais recente reconhecimento chegou a 8 de setembro.
Está a viver um dos momentos mais altos da carreira. Aos 37 anos, o português, natural do Cartaxo, acaba de ser distinguido na 70.ª edição dos Emmy Awards, em Los Angeles, Estados Unidos da América. Freelancer há dez anos,
o “motion designer” assinala como trabalhos marcantes as séries televisivas “The Killing”, “Cosmos”, o filme “The Architect” e o vídeo de abertura de uma conferência de design realizada em Sydney intitulado “Semi Permanent 2016”. Mas foi o genérico da série “Counterpart” que o fez subir ao palco e trazer o Emmy para Portugal. O projeto vencedor demorou duas semanas a ser concretizado. O maior desafio foi “escolher o que fazer já que a série e o tema eram muito bons”.
Para Filipe Carvalho, a notícia de que estava nomeado foi, por si só, uma vitória. “No entanto, sentia que tínhamos as mesmas hipóteses de todos os outros”, conta. É uma carreira solitária e à distância em que “a concentração exige isolamento”. Por outro lado, permite “trabalhar em qualquer mercado, sem sair do país. Pelos vistos, também é possível alcançar o derradeiro prémio, mediante a dedicação de cada um”. Criar remotamente permite-lhe desfrutar de algo muito valioso na vida de qualquer freelancer: o tempo. Escolheu essa opção profissional por ser “a única maneira de colaborar com estúdios americanos sem estar lá fisicamente”. Ape-
sar de várias oportunidades para trabalhar fora de Portugal, nunca equacionou essa hipótese. “Estou cá para ficar”, garante.
Por ter um estilo dramático e minimalista, sente que se distingue de outros profissionais da área e é através dos princípios de design gráfico em animação, edição em vídeo e fotografia que conta uma história. Filipe está empenhado em desenvolver mais projetos para televisão e cinema, e uma série documental como realizador em parceria com a produtora “Até ao Fim do Mundo”. Pode gabar-se de ter mais trabalho do que o que consegue aceitar, fruto de um nome e de uma carreira já reconhecidos na indústria. Mas tem noção que o Emmy abrir-lhe-á ainda mais portas. “O prémio vai trazer mais segurança a quem me quiser contratar e dar-me acesso a projetos maiores.” Nestas semanas de emoções e de felicitações, há uma pergunta que gostaria que lhe tivessem feito: se alguma vez se arrependeu de dedicar tanto à profissão, como noites e fins de semana sozinho a trabalhar: “Hoje em dia, já consigo encontrar um equilíbrio que me permite conciliar o Filipe Emmy winner e o Filipe com família e amigos.” ●m