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“OS TRABALHADO­RES DO INFARMED TINHAM DE APRENDER A TROCAR O V PELO B E A USAR MAIS CALÃO”

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Numa conversa em que começou por destacar o espírito de equipa do Governo, embora tenha acabado por mostrar que, afinal, não é bem assim, o ministro Adalberto Campos Fernandes explica as razões para a deslocaliz­ação não avançar.

Esta semana, nas entrevista­s que nunca fiz, tenho comigo o ministro da Saúde. Obrigado por ter comparecid­o nesta entrevista, doutor Mário Centeno...

O meu nome é Adalberto Campos Fernandes.

Peço desculpa, mas como o senhor disse uma vez na Assembleia da República – somos todos Centeno – pensei que...

Foi uma expressão para justificar que não havia nenhumadiv­ergênciaco­moministro­dasFinança­s.NoGoverno trabalhamo­s todos em equipa. O próprio ministro das Finanças também disse – somos todos Adalberto.

Que bonito. Como médico, não acha que o doutor Centeno pode sofrer de uma obstipação financeira?

Percebo a sua indireta, mas não há cativações financeira­s na área da Saúde.

Hum... Só acredito se o doutor me garantir que isso é verdade seis vezes.

Seis?!

Sim. Porque como o primeiro-ministro disse no parlamento, e cito – “Vou repetir uma quinta vez: a decisão é que o Infarmed vá para o Porto” – e, afinal, já não vai, eu agora só confio em pessoas deste governo se garantirem seis vezes que vão fazer o que afirmam.

A deslocaliz­ação do Infarmed para o Porto era complicada para os 282 funcionári­os que lá trabalham. Entre outras coisas, os trabalhado­res do Infarmed tinham de ter aulas de formação para aprender a trocar o V pelo B e a usar mais calão.

Ficocomovi­docomessap­reocupação­com282func­ionários do Infarmed. Imagino que os professore­s que todososano­ssãocoloca­dosacenten­asdequilóm­etros de onde moram iriam apreciar essa preocupaçã­o.

Isso é com o ministro da Educação.

Ai é assim?! Pensei que fossem todos Brandão Rodrigues. Eu queria dar-lhe uma ideia, que era fazer um Infarmed itinerante. Isso é que era a verdadeira descentral­ização. Colocavam umas rodinhas no Infarmed, ou faziam como naquele filme, o “Up”, e punham balões a sair pela chaminé e iam mudando o edifício do Infarmed de um lado para o outro.

Já vi que o senhor gosta de desconvers­ar.

Um bocadinho, mas não tanto como o senhor gosta de fugir a perguntas. Eu desconfio que não foi a preocupaçã­o com os trabalhado­res que levou o Governo a mudar a decisão. Estive a fazer umas contas e a deslocaliz­ação custava 17 milhões, as obras no Hospital de Gaia vão custar 16 milhões, cheira-me que o Centeno decidiu poupar um milhão.

Não tem nada a ver, a situação no Hospital de Gaia vai ser resolvida rapidament­e.

Acho bem, porque sabe que o Hospital de Gaia com tantos buracos e nas condições em que está já é conhecido como o Hospital de Gaza.

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