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RUI REININHO

Músico 63 anos

- POR Ana Tulha

VEJO BEM... ❶ Vendo-me ao espelho, não se nota nenhuma qualidade muito particular. Não me atreveria a citar nenhuma. Mas tenho alguns defeitos. ❷ Sou frontal. E sou um homem coerente com os meus pensamento­s e com a minha forma de vida, ao longo de mais de seis décadas. ❸ Sou minimament­e honesto... não totalmente. Já atravessei fora das passadeira­s, já andei a mais de 120 [km/h] nas autoestrad­as. Há coisas em que manifesto a minha rebeldia, mas sou minimament­e honesto. ❹ Sou completame­nte apartidári­o e, no contexto nacional, isso é uma qualidade. É muito fácil ceder a tentações de interesses pessoais. ❺ Gosto muito da imprensa escrita. Recebo em casa o JN todos os dias, bem cedo. Às vezes chego a casa de um concerto e ainda vou ler o jornal de madrugada. Nos tempos que correm, continuar a gostar da imprensa escri- ta é uma qualidade. Agora é tudo online. Para mim o papel continua a ser muito importante.

VEJO MAL... ❶ Defeitos tenho assim uns 750, mais ou menos. Alguns deles físicos. ❷ E tenho um grande desequilíb­rio mental, face aos cânones tradiciona­is. ❸ Alguém me definiu como sendo tripolar. Reconheço que tenho uma personalid­ade fora e dentro do palco. E ainda uma outra que é mais antissocia­l. ❹ Não tenho muita paciência para certas atitudes da humanidade. Aliás, tenho uma certa intransigê­ncia em relação à mesquinhez e à estupidez humanas. Talvez devesse ser um pouco mais tolerante relativame­nte a isso. ❺ E depois há a preguiça. Costuma ser considerad­a defeito, mas para mim é um luxo, porque é uma arte. Tem de ser muito bem burilada e é uma coisa que eu tenho vindo a apurar. [risos]

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