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Eleições presidenci­ais no Brasil: quem é quem?

- POR Rita Salcedas

Hoje, domingo 28, realiza-se a segunda volta das eleições para presidente da República do Brasil. Nós ajudamos-te a conhecer os candidatos e a perceber melhor o que está em causa nesta votação, tanto para o futuro daquele país como da democracia no planeta.

O Mundo está a horas de saber quais os destinos do Brasil. No início do mês, o eleitorado brasileiro votou maioritari­amente em dois dos 13 candidatos à corrida para presidente. Desde as eleições de 1989, as primeiras desde a redemocrat­ização do país, que o palácio presidenci­al não tinha tantos aspirantes. Já perto do fim, só ficaram dois: Jair Bolsonaro, que arrecadou 46% dos votos na primeira volta, e Fernando Haddad, que contou com 29%. Como nenhum deles atingiu os 50%, o próximo presidente da República do Brasil será eleito hoje na segunda volta.

Este é um momento de especial importânci­a, não só para o país mas também para o futuro da democracia, ameaçada pelo clima de violência e perseguiçã­o estimulado pela candidatur­a de Bolsonaro e seus apoiantes.

Do outro lado, o medo da continuida­de de um poder corrompido pode afastar Haddad da presidênci­a. Vamos conhecer os candidatos.

FERNANDO HADDAD

O antigo presidente Lula da Silva, condenado a mais de 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, candidatou-se a estas eleições, mas viu-se impedido pela Justiça e acabou substituíd­o pelo camarada Fernando Haddad. Intelectua­l e académico, Haddad tem a dupla e difícil tarefa de conquistar a presidênci­a e devolver ao povo a confiança no Partido dos Trabalhado­res (PT), desacredit­ado por escândalos de corrupção que envolveram os seus ex-líderes.

Filho de emigrantes libaneses, Fernando Haddad, 55 anos, é licenciado em Direito, mestre em Economia e doutorado em Filosofia, tendo entrado na vida política aos 20 anos, em 1983, altura em que se filiou no PT. Lecionou Ciência Política no ensino superior, foi ministro da Educação e presidente da Câmara de São Paulo, de onde saiu debaixo de algum descontent­amento popular. Também Haddad enfrenta um processo na Justiça, depois de, em setembro, ter sido acusado pelo Ministério Público de corrupção, branqueame­nto de capitais e associação criminosa. Segundo a acusação, Haddad terá recebido 2,6 milhões de reais (cerca de 521 mil euros) de um empresário durante a campanha de 2012 para a Câmara de São Paulo, em troca de favores na obtenção de contratos públicos. Haddad rejeita a acusação, consideran­do-a infundada e eleitorali­sta.

Haddad é contra a privatizaç­ão de empresas públicas e a legalizaçã­o do porte de armas. Quer investir mais na saúde e na educação, combater desigualda­des e aumentar os impostos aos mais ricos.

JAIR BOLSONARO

Capitão reformado do Exército, Jair Bolsonaro, 63 anos, posicionad­o à direita, é o favorito à presidênci­a, recolhendo 57% das intenções de voto. Reúne, ao mesmo tempo, amores e ódios. É, para alguns, a rutura do poder instituído e a esperança da mudança e, para outros, a personific­a-

ção de tirania, já comparado a Hitler.

Adotando o combate à corrupção como bandeira, Bolsonaro tenta passar a imagem de alguém externo ao sistema político mas é deputado federal desde 1991, acumulando sete mandatos por cinco partidos diferentes. Antes das eleições, filiou-se no Partido Social Liberal (PSL). A vida política de quase 30 anos foi marcada por um discurso agressivo e radical, de defesa da ditadura militar e de golpe de Estado, com pregões ao assassinat­o de criminosos e ataques a homossexua­is, mulheres e imigrantes. Enfrenta agora o desafio de desfazer a imagem de misógino, racista e homofóbico que construiu, e que originou a criação do movimento #EleNão, que passou das redes sociais para as ruas, com dezenas de protestos contra a sua eleição.

Durante a campanha, Bolsonaro prometeu retirar o Brasil da ONU caso fosse eleito, e defendeu o uso de armamento pela população civil, jurando mão firme no combate ao crime. A pretensão de acabar com o “ativismo ecologista” e unir os ministério­s da Agricultur­a e do Meio Ambiente tem preocupado ambientali­stas quanto ao futuro da Amazónia, que pode sair sacrificad­a. O também professor de Educação Física é a favor da privatizaç­ão de empresas públicas e da implementa­ção de um imposto único federal. ●m

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a Jair Bolsonaro, 63 anos, candidato do Partido Social Liberal
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a Fernando Haddad, 55 anos, candidato do Partido dos Trabalhado­res

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