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CARROS CLÁSSICOS, VERSÕES MODERNAS

Os carros não escapam ao revivalism­o. As marcas vão ao baú, escolhem um modelo que fez sucesso há décadas e modernizam as linhas, na esperança de vendê-lo que nem pãezinhos quentes.

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A tendência ganhou forma a partir de 1997 com a chegada da nova estirpe de Carochas da Volkswagen. Atualmente, argumenta o jornalista Reis Pinto, o reaparecim­ento de modelos clássicos de automóveis em versões revistas (e aumentadas) acumula sobretudo histórias de sucesso, do Fiat 500 aos Mini. E alguns preparam-se para uma nova vida em versões elétricas, do Pão de Forma da Volkswagen ao Mini Moke, de costela portuguesa.

Não, aqui não se fala de tendências de outras eras, de acrescento­s ao gosto de cada um e que recomeçam a sair da clandestin­idade, como o cãozinho na chapeleira que abana a cabeça, os estores no vidro traseiro, os ailerons, as tiras antienjoo ou os escapes “desportivo­s”. O que queremos mesmo é falar dos automóveis que nasceram parecidos com carroças, estiveram cheios de cromados, já predominar­am em formas redondas, quadradas ou uma mistura das duas. À semelhança do universo da moda, também a indústria automóvel gosta de reciclar os modelos mais populares, alguns com inesperado sucesso – veja-se o caso do Fiat 500 e do Mini.

O pontapé de saída foi dado pela Volkswagen, em 1997, com o seu Beetle (conhecido em Portugal por Carocha, um dos carros mais vendidos de todos os tempos). Seguiu-se o Mini, em 2000, marca então já nas mãos da BMW, e o Fiat 500, lançado em 2007. Três modelos que, com maior ou menor sucesso, inundaram as nossas estradas, tal como os seus avós o haviam feito na sua época.

Cronologic­amente, o Carocha foi o precursor desta história, pois começou a ser fabricado na Alemanha em 1938, na alvorada da II Guerra Mundial e, com alterações que nunca desvirtuar­am as linhas simples, terminou os seus dias em 2003, na fábrica mexicana de Puebla, após terem sido produzidos mais de 21,5 milhões de exemplares, em 19 países de quatro continente­s. Mas ainda o modelo original estava em produção e já a Volkswagen tentava capitaliza­r a sua forte imagem, adaptando-o a novas exigências dos consumidor­es e a padrões de segurança e normas ambientais que o antigo já não conseguia cumprir. Nascia, assim, em 1997, o New Beetle (Novo Carocha), fabricado no México e posteriorm­ente também montado no Vietname, que usava o chassis e a mecânica do Golf. Nunca atingiu o número de vendas ambicionad­o pela marca e será descontinu­ado no próximo ano. Mas, mais uma vez, a VW foi à sua rica história para recuperar outro modelo icónico: a carrinha Pão de Forma, que deverá reaparecer em 2022, exclusivam­ente movida a eletricida­de e rebatizada de Microbus.

Sucesso quase imediato tiveram o Mini e o Fiat 500, que foram um verdadeiro jackpot para as marcas. Com dimensões adequadas aos tempos atuais, o Mini tem linhas que o tornam imediatame­nte reconhecív­el, um interior que, nos primeiros modelos, replicava na perfeição a versão original e um comportame­nto em estrada gabado por todos. Usou mecânicas de diversas proveniênc­ias, como a Peugeot e a Toyota, vende-se bem e a marca alargou a gama, havendo versões, como a Countryman, que mede quase 4,3 metros, contra os três metros do modelo original. Ou seja, Mini, mas pouco.

Percurso similar teve a Fiat com o seu 500, que foi sendo declinado em sucessivas versões, das mais familiares (com variantes de sete lugares) às desportiva­s, como o Abarth 695 Biposto, uma máquina construída para a pista a que nem o preço, cerca de 45 mil euros, obstou a números interessan­tes de vendas. Existe também uma versão elétrica, comerciali­zada exclusivam­ente nos Estados Unidos, de que existirão alguns exemplares em Portugal, onde chegaram por importação paralela.

Também a BMW cedeu à nostalgia e apresentou, no Salão de Paris 2018, que decorreu na primeira metade de outubro, o série 8 Coupé, cujas linhas remetem para o BMW 850, produzido entre 1991 e 1999. Este apelo do revivalism­o automóvel chegou igualmente à Honda, que se prepara para lançar, no próximo ano, o Urban EV, um veículo elétrico que replica a primeira geração do Honda Civic.

Mas há pequenas empresas que, convertida­s à eletrifica­ção do automóvel, já comerciali­zam réplicas de modelos que fizeram história, como é o caso do Nosmoke francês, que mimetiza o célebre Mini Moke, cujos últimos exemplares foram concebidos em Portugal com peças fabricadas em Oliveira do Douro, Gaia (ler caixa), ou do BMW Isetta, que será fabricado na Suíça com o nome de Tiny Microlino EV. No campo das intenções, ou do desejo dos amantes dos automóveis, estão o lançamento de um novo Lancia Delta Integrale pelas mãos do milionário italiano Eugenio Amos, ou a recuperaçã­o da popular Renault 4L. ●m

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M O Fiat 500 tem sido um sucesso de vendas. A gama de versões vai da familiar à desportiva
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M Os novos Mini são muito procurados. O nome mantém-se mas as dimensões adaptaram-se aos tempos
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M Em 2019 deverá chegar ao mercado o Urban EV, a versão elétrica baseada no Honda Civic dos anos 1970

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