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DE BRAGA, COM MUITO GOSTO!
Estacionámos o carro no parque junto ao Arco da Porta Nova, em Braga. Chuviscava e corremos até à Corriqueijo, na Rua dos Biscaínhos. À porta, na rua, um painel de ardósia com sugestões. Sem nos deter, entrámos e sentimos o fresco da loja. Obrigatório, explicou-nos a Rita Lima, sorriso na cara. A simpatia calorosa com que recebeu a equipa do Projeto Acelerar o Norte aqueceu-nos. O cheiro de muitos queijos pairava no ar, numa loja pequena e organizada, de paredes de granito e uma luz estudada pelos arquitetos. Sim, que a simplicidade carece de maestria e bom gosto. A loja tem de estar sempre à mesma temperatura, porque as oscilações podem estragar os queijos, detalha a Rita. Os nossos olhos viajaram pela loja e os queijos fizeram-nos imaginar mil viagens pelo mundo. Havia-os de todo lado, mas sobretudo de Espanha, França e Alemanha, para além dos portugueses. Foi assim que começou a história da Corriqueijo, conta a empresária. Nas muitas viagens que fizemos – eu e o meu marido e os meus cunhados – gostamos de provar comida, sobretudo a artesanal. Gostamos de evitar os circuitos turísticos e partir à descoberta de lugares, pessoas e de sabores. Foi a vez de lhe explicarmos, de viva voz, ao que íamos. Falámos-lhe do Projeto Acelerar o Norte, de como surgiu e o que se propõe fazer. Explicámos-lhe que nasceu de um consórcio entre a Confederação Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a AEP - Associação Empresarial de Portugal, a AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e a ACEPI - Associação da Economia Digital, que pretende contribuir para introduzir mudanças e acelerar a transformação digital no Norte do país. Explicámos que se trata de um projeto que será executado no âmbito do PRR e que conta com financiamento da União Europeia. A Rita felicitou a equipa, mas deu-nos conta da sua surpresa. Porque é que a história da Corriqueijo vos interessa? Ora, Rita, porque é um projeto comercial que vai para além das quatro paredes de granito, replicámos. E porque queremos que este percurso da digitalização de uma pequena loja de queijos possa servir de exemplo para outros projetos semelhantes, mas que os seus empresários não ousam dar esse passo. O sorriso da Rita Lima abriu-se ainda mais. Sabem, o que me levou a abrir a loja foi a minha vontade de dar a conhecer saberes e sabores ancestrais aos mais novos. Foi a minha experiência como animadora cultural e o meu trabalho com as crianças que criou em mim essa inquietação. O queijo é talvez dos alimentos mais antigos e a forma artesanal da sua produção não mudou tanto assim ao longo dos séculos. É uma história que merece ser contada. E degustada. É assim que nasce a Corriqueijo, dessa minha paixão. Mas um esforço tão grande de descoberta de produtos diferentes não poderia confinar-se a uma loja de rua. Há muitas ruas em muitas cidades que precisam de conhecer os queijos que eu conheço, por isso a loja online fez sentido desde o início do projeto. E isso é compensador, perguntámos de supetão. A presença online carece de muita organização, responde ela. A atenção ao cliente é tão importante online como na loja. Respeitar prazos de entrega, ser criterioso na forma como se comunica nas redes sociais e sobretudo ser genuíno na forma como se estabelece relações com clientes e parceiros online. Dá trabalho. Leva tempo. Mas eu acredito que vale a pena! Nós, no Acelerar o Norte, também acreditamos que vale a pena, Rita!