Claques do Benfica sob fogo cruzado
UEFA perdoou a interdição da Luz, mas Bruno de Carvalho não perdeu a oportunidade
O Benfica “suspendeu temporariamente” a venda de bilhetes para a Champions na Luz e pondera não requisitar ingressos em futuros jogos europeus ou então identificar compradores
O Comité de Controlo, Ética e Disciplina da UEFA puniu o Benfica com um jogo à porta fechada nas competições europeias, mais uma multa de 20 mil euros, como castigo pelos incidentes no jogo de Madrid, frente ao Atlético. No entanto, a interdição não é efetiva e ficou suspensa durante dois anos, período onde qualquer repetição de incidentes da mesma gravidade levará ao fecho do Estádio da Luz em provas oficiais da UEFA. No jogo contra o Atlético de Madrid, relativo à segunda j ornada da Liga dos Campeões e que o Benfica ganhou por 2-1, alguns adeptos encarnados acenderam e lançaram tochas e outros objetos pirotécnicos contra apoiantes do clube colchonero, facto que a UEFA não deixou passar em claro. Luís Filipe Vieira já pedira desculpas aos dirigentes do clube espanhol, ainda antes de se saber qual a punição a que o clube iria ser sujeito, e agora prepara-se para abrir guerra contra a possível repetição de atos que deixem o Benfica em risco. Em comunicado oficial, os encarnados alegam já ter gasto “meio milhão de euros” em multas da UEFA e da Liga, lançando dois possíveis caminhos para acabar com infrações que venham, pela primeira vez na história do clube, a impedir público nas suas bancadas. “O clube irá estudar novas medidas a adotar nos jogos em que participa, de forma a combater os atos que reiteradamente nos têm colocado na mira disciplinar da UEFA”, l ê- se na mensagem, que lança dois cenários: “A não requisição de bilhetes para jogos fora e/ ou a identificação de todos os detentores de bilhetes para jogos europeus.” Os encarnados revelam ainda que “foi já solicitado ao Conselho Superior dos Desportos espanhol o nome dos adeptos do Benfica que foram identificados e responsabilizados pelos incidentes de Madrid”. Neste momento, e como medida concreta já avançada, o Benfica mandou“suspender temporariamente” a venda de bilhetes para os jogos na Luz contra Galatasaray (3 de novembro) e Atlético de Madrid (8 de dezembro). Ao longo do dia, várias foram as vozes de indignação contra os responsáveis pela utilização dos petardos e tochas em Madrid, uma das quais chegou a atingir uma criança que estava numa bancada ocupada por apoiantes do Atlético. Uma dessas vozes foi a de José Manuel Capristano, um antigo dirigente das águias, que deixou a dúvida sobre se os autores dos atos em Espanha serão mesmo adeptos do clube da Luz. “Lamento que meia dúzia de energúmenos prejudiquem o Benfica e que nos últimos
tempos tenham custado milhares de euros ao clube. O Benfica deve tentar deter estas personagens que fazem tais arruadas e eliminá-las de sócios, pois até podem ser meros infiltrados”, afirmou a O JOGO. Quanto à possibilidade de os encarnados não venderem bilhetes para os jogos no estrangeiro, José Manuel Capristano não a vê como a melhor solução. “Assim pagavam os justos pelos pecadores”, realçou o ex-vice-presidente das águias, desejando também nunca ter o Benfica a jogar à porta fechada: “Isso nunca aconteceu e seria uma grande tristeza.” Além do Benfica, refira-se que a UEFA também multou o Atlético de Madrid, em 11 mil euros, mas pelo bloqueio de escadas no Vicente Calderón. Enrique Cerezo, presidente dos colchoneros, entende que o seu clube foi “totalmente inocente” neste processo. “Se nos aplicassem a mesma sanção que deram ao Benfica, seria uma injustiça”, afirmou.