“Muitos jogadores pedem-me para vir para a Tailândia”
Yannick Djaló e a experiência no Extremo Oriente
Projeto ambicioso e salário ao nível do que se ganha num grande clube português motivaram o avançado a assinar pelo Ratchaburi. “Para fazer a diferença, pois essa é a obrigação dos estrangeiros”, diz
O treino do dia, sob “calor infernal”, tinha terminado há pouco. “Sem ar condicionado em casa nem dava para dormir”, ouvimos do outro lado da linha, desde a Tailândia. Fala-nos o bem-disposto camisola 23 do Ratchaburi, Yannick Djaló, que, “desfrutando”, escreve novo capítulo na vida desportiva. Quatro destinos em menos de quatro anos: França, Estados Unidos, Rússia e agora Tailândia. Está feito um andarilho do futebol? —Já tive experiências interessantes, é verdade. Pude conhecer várias culturas e aprender mais sobre as mesmas, além de vivenciar diferentes estilos e formas de encarar o futebol. Tem sido enriquecedor. Tinha outras possibilidades em carteira quando surgiu a hipótese de me transferir para a Tailândia. Assinei por um ano, até dezembro. A oferta do Ratchaburi era melhor financeiramente e também me senti estimuladopeloprojetoqueopresidente me apresentou. Vamos trabalhar para que a equipa possa crescer, porque o plano é esse mesmo: fazê-la grande. Este ano, o objetivo passa por lutar pelos lugares cimeiros. Estamos nessa discussão. Avançou quase às escuras. O que encontrou está dentro do que pôde imaginar? —Sinceramente, não pensei que os tailandeses gostassem e vivessem tanto o futebol. Os estádios,comumalotaçãomédia de 10/15 mil espectadores, estão sempre bem compostos, o ambiente é excelente. No que diz respeito à competição, existe um leque de cinco/seis equipas muito boas. São essas que batalham pelo primeiro lugar. Joga-se um futebol aberto, não tão intenso ou tático como na Europa, talvez também devido ao forte calor. Há espaço e isso é bom para as minhas características. Quer dizer que quase nem é preciso consultar a previsão meteorológica… —Aqui está sempre bom tempo! Até de mais, com 30 ou 40 e tal graus todos os dias. Nós, europeus, sem ar condicionado em casa nem conseguiríamos dormir. Nos treinos o calor é infernal. Treinamos todos os dias por volta das 16h30. De manhã, bem cedo, talvez z fosse foso ideal, mas os tailandeses não estão acostumados a alimentar-se tão bem nesse período. Foi contratado para fazer a diferença na equipa, para mais sendo um avançado. Sente a cobrança? —Todos os estrangeiros que chegam à Tailândia têmobrigatoriamentede fazer a diferença. Caso contrário, nem vale a pena. As equipas comportam
cinco no máximo, mas só podem jogar três. Infelizmente, há cerca de mês e meio, lesionei-me num joelho e num pé. Foi um grande susto, pensei que tinha fraturado o perónio. Vá lá, tratou-se apenas de uma entorse. Dentro do azar, tive muita sorte.
Para termos uma ideia mais definida: um jogador com esse estatuto recebe um salário ao nível do que se pratica, hoje em dia, nos melhores clubes da I Liga portuguesa?
—Alguns recebem. Equipas grandes, como o Buriram United e o Bangkok United, praticam vencimentos net ao nível dos grandes em Portugal. O mesmo acontece na nossa equipa. Para atrair os estrangeiros, os clubes acabam por oferecer essas condições salariais.
Amigos e colegas de profissão fazem-lhe perguntas, pedem-lhe ajuda para lhes abrir portas nesse mercado?
—Sim, imensa gente quer saber como é a vida aqui. Os portugueses que vivem cá dizem que não voltam mais. E há muitos jogadores a pedir-me para virem para a Tailândia, só que isso não é tão fácil como se possa pensar, devido à limitação dos estrangeiros. Neste mercado são seletivos, não vão pelo DVD ou por alguém dizer que é bom. Querem saber tudo. Ainda assim, os brasileiros têm mais facilidades, mas isso é consequência de o Brasil ter sido tantas vezes campeão do mundo.