O Jogo

DOURADO: O TAL QUE NEM NA QUARTA DIVISÃO JOGAVA

V. GUIMARÃES Avançado fez balanço da época de estreia, com 12 golos e quatro assistênci­as, em entrevista à ESPN. Nada mau, para um goleador a quem já disseram que não tinha futuro

- MÓNICA SANTOS

Para Henrique Dourado, a época acabou no domingo, com dois golos ao Moreirense (4-1) e um cartão amarelo que o afasta de Arouca. O dever cumprido sabe ainda melhor pelo que lhe custou aqui chegar

Ninguém diria, ao olhar para o registo de 12 golos (mais um na equipa B) e quatro assistênci­as, que Henrique Dourado, o melhor marcador do Vitória de Guimarães, chegou a ouvir que não tinha futuro no futebol. Isso foi muito antes de ter sido o segundo goleador do Brasileirã­o, há dois anos – 16 golos para o Palmeiras –, e de se deixar cativar pelo Vitória de Guimarães, recordou, em entrevista ao site da ESPN. A vida no Berço, com golos, é uma experiênci­a única. “Já cheguei a entrar em restaurant­e, comer e, na hora de pagar a conta, o dono falar que um torcedor pagou para mim e para a família. Isso é demais, até emociona esse carinho que eles têm por nós. São apaixonado­s”, conta o avançado, que ri muito ao recordar o desafio da adaptação a Portugal. O idiomaéome­smo,m as nem sempre parece. “Estava a alongar e o preparador mandou fazer força contra o relvado, e eu pensando: ‘Que músculo será esse relvado que eu nunca ouvi falar?’. Aí me explicaram que relvado era gramado. Vou aprendendo aos poucos”, recorda à ESPN, divertido.

Nem sempre, porém, os tempos foram tão alegres :“Comecei no Flamengo, mas não deu certo. Depois, fiz testes no Santos, na Portuguesa, no São Caetano... Foram umas oito peneiras no total, sendo reprovado em todas”, recordou. “Acabei por vencer na carreira por persistênc­ia”, conta Dourado, e não é mera frase de circunstân­cia: “Estava no profission­al do Flamengo de Guarulhos e não era muito utilizado. Um dia, o presidente me falou: ‘Você não tem futebol nem para jogar a 4ª divisão, vamos emprestar-te’.” Nessa altura, pensou desistir, mas a “Mãe não deixou”. “Disse que eu tinha batalhado tanto e não podia entregar tudo de mão beijada”. Já se sabe que as mães têm sempre razão, e esta história de Henrique Dourado também o confirma: “Dou muito valor ao sucesso de hoje, porque conheço bem o outro lado da moeda. Sei o quanto é duro ouvir que você não serve nem para jogar a quarta divisão. Mas tudo isso serviu de aprendizag­em para a minha carreira.” O goleador que não tinha lugar na quarta divisão é o nono marcador da I Liga.

“Logo que cheguei, estava aquecendo e o preparador começou a gritar: ‘Vamos, malta, ‘bora, malta!’, e eu pensava: ‘Quem é o tal do Malta que está fazendo tudo errado?’” “Dou muito valor ao sucesso de hoje, porque conheço bem o outro lado da moeda”

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Henrique é o nono classifica­do na lista de marcadores da I Liga

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