O Jogo

Umas duvidazinh­as muito minhas

- Jacinto Lucas Pires

Restam duas hipóteses ao míster Vitória. Tentar encontrar jogadores no plantel que façam as vezes de Renato e

Gaitán, ou repensar a ideia de jogo a partir dos craques que vestem, este ano, a camisola mítica

Tropecei, anteontem, neste pedaço de sabedoria de Yogi Berra, o lendário beisebolis­ta dos Yankees: “Se não sabes para onde vais, hás de acabar noutro sítio qualquer.” É mais ou menos o que sinto nestes dias de préépoca, tentando acompanhar os jogos amigáveis, as entradas e saídas, os rumores, os desmentido­s. Com tanta ideia desfocada, o coração não consegue concentrar-se e acaba nesse “outro sítio qualquer”. Claro que é uma segurança partirmos para a nova época como tricampeõe­s, liderados por um míster-adepto que gosta de futebol de ataque e percebe a grandeza do Glorioso. Ainda assim… Pois, talvez seja da natureza das coisas. Pois, pois, há respostas que só podem ser dadas em campo quando os jogos forem a doer. E, pois, pois, pois, este tipo de ansiedade do adepto na préépoca é um clássico. Mas, o que é querem?, não consigo deixar de sofrer com umas duvidazinh­as muito minhas.

Não tenhamos medo do clichê, amigos: o tipo de jogo do Benfica na época passada dependia, em primeiro lugar, do coletivo. Não, não é a habitual conversa pósoperató­ria a dizer que foi o “grupo”, que sem “o grupo” nada seria possível, etc. É que é mesmo um facto. Mas também é claro que, nesse coletivo, havia três jogadores-chave. Aquele estilo de futebol, a que podemos talvez chamar, sem grandes pruridos técnico-científico­s, de carrossel vertical, assentava muito em: Renato Sanches, Gaitán e Jonas. Ora os dois primeiros (por razões, para mim, perfeitame­nte incompreen­síveis) foram vendidos, saíram. Restam assim duas hipóteses ao míster Vitória. Tentar encontrar jogadores no plantel que façam as vezes de Renato e de Gaitán, ou repensar a ideia de jogo a partir dos craques que vestem, este ano, a camisola mítica.

A primeira hipótese é perigosa. Não sei se há ou não insubstitu­íveis, mas sei que Renato e Gaitán são craques inesquecív­eis e não seria simpático pôr esse peso todo em cima de profission­ais acabados de aterrar no Velho Mundo. E a segunda hipótese pode dar coisas muito diferentes, claro. (Se André Horta se revelar um maestro à altura dos seus ídolos Aimar e Rui Costa, podemos jogar um futebol mais sofisticad­o, de bola no pé e passe longo, por exemplo.) Agora, é preciso é decidir… Não podemos adiar e fazer de conta, como que embalados por aquela outra pérola de Yoga Berra que diz: “Se deres com uma bifurcação na estrada, vai por aí.”

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