O Jogo

“Fiquei muito triste com Jesus”

- HÉLIO NASCIMENTO

Ambiente na Turquia “assusta e preocupa”

Tem mais três anos de contrato com o Benfica, mas, sem hipótese de integrar o plantel, acabou por decidir-se pelo Alanyaspor da Turquia, clube que vai representa­r ainda como emprestado

Daniel Candeias, 28 anos, natural de Fornos de Algodres. Fez a formação no FC Porto, onde, já sénior, foi campeão nacional. Sem espaço no plantel dos encarnados, abraçou um projeto na Turquia, no Alanyaspor, e, em entrevista a O JOGO, confessa que gostava de “voltar a ser campeão”. Internacio­nal em todos os escalões até aos sub-23, considera ter valor e capacidade para integrar o plantel encarnado e, embora sem guardar mágoa ou rancor, continua sem saber por

que Jesus o dispensou.

Gostava que o Benfica lhe tivesse dado uma oportunida­de?

—Sim, claro, gostava de dispor de mais uma oportunida­de para mostraro meu valore aminha capacidade. Tenho contrato até 2019, mas não dependia só de mim, dependia, sobretudo, das pessoas que dirigem o clube, de elas acharem que tenho qualidade ou não para integrar o plantel. Acho que tenho capacidade­s, mas vou ter de esperar.

Falaram consigo?

—Não, falaram só com o meu empresário.

Acha que, se tivesse uma oportunida­de, conseguia convencer Rui Vitória?

—Desde que assinei pelo Benfica, a minha intenção foi sempre a de ficar no plantel. Na altura, cheguei e fiz a pré-época, joguei pouco e por isso mostrei também pouco, mas isto é o futebol e temos de estar preparados para tudo. Sei que há pessoas no Benfica que gostam do meu futebol. Quem sabe, posso vir a ter nova oportunida­de para me mostrar a Rui Vitória. Agora, é levantar a cabeça.

E agora já nem há Gaitán para impedir a entrada…

—Eu sei que o plantel é valioso e de imensa qualidade, aliás, quando assinei também assim era. É um clube que luta sempre pelos títulos e sabia, de antemão, que tinha jogadores à minha frente, como o Gaitán e o Salvio, por exemplo, mas estava disposto a lutar por um lugar, embora eles sejam grandes referência­s. Creio que podia dar alguma coisa ao Benfica, Atentados, golpe de Estado, manifestaç­ões contínuas e um país em alvoroço. O ambiente na Turquia é quase de cortar à faca, mas Candeias relativiza a questão e afirma que o reboliço está algo distante. “A situação assusta, na verdade, mas os problemas maiores verificam-se nas grandes cidades e eu não tenho sentido grande medo nem alterações na reação das pessoas.” Em estágio de pré-época, o jogador confessa sentir os “colegas turcos tranquilos no dia a dia e nos treinos”. Porém, nem tudo é assim tão calmo. “Já falei com o Tiago Pinto e com o Artur Morais, que vivem em Ancara, e aí, sim, o ambiente assusta e preocupa, sobretudo porque se trata de uma zona “onde se tem verificado mais confrontos”.

mesmo não sendo titular absoluto. Sim, tinha todas as condições para dar alguma coisa.

Em 2014/15, assinou e nunca jogou. Já percebeu por que razão nunca fez parte das opção no Benfica?

—Ao certo, não sei. Quando assinei, tudo parecia correr de feição e até elogios recebi da parte do treinador. Nas férias, lembro-me, disse bem de mim em entrevista­s. Depois, foi o que se sabe. Não teve uma palavra para comigo e quando falou foi para dizer que era melhor ser emprestado.

Ficou desiludido com Jorge Jesus?

—Desiludido… fiquei muito triste, porque ele sabia o que eu podia dar, que tinha qualidade, e foi por isso, certamente, que me contratou. Jesus sabia que tinha qualidade para integrar o plantel. Disse-me somente que tinha chegado também o Bebé e que era melhor ser emprestado. Tive de seguir em frente. A vida não parou e continuei a jogar, no estrangeir­o.

Encara o futuro com otimismo?

—Sim, totalmente. Tenho confiança. Aliás, se não for eu a acreditar em mim… Temos de ser os primeiros a acreditar, saber o que valemos e não ter medo de nada.

Não se arrepende, então, de ter assinado pelo Benfica?

—Voltava a assinar pelo Benfica, fazia tudo igual. Fiz umas excelentes­épocasnoNa­cional e depois assinei por um grande clube. Não me arrependo e sei que estão lá pessoas que acreditam no meu futebol, mas temos de aceitar as opções, sem rancor e sem mágoas, porque eu gosto é de jogar futebol.

“Voltava a assinar pelo Benfica, fazia tudo igual. Não me arrependo e sei que estão lá pessoas que acreditam no meu futebol” “Gostava de ter mais uma oportunida­de para mostrar o meu valor e a minha capacidade no Benfica” “[Jesus?] Fiquei triste porque ele sabia o que eu podia dar, que tinha qualidade, e foi por isso certamente que me contratou” “Turquia? Havia várias opções para mim, incluindo de clubes portuguese­s, e escolhemos a melhor”

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