O Jogo

CONFORMADO­S COM SUCESSO DE FROOME

Chris Froome nem precisou de atacar a subir para conquistar o terceiro título na Volta a França. A concorrênc­ia nunca teve pernas nem audácia para enfrentar os Sky

- CARLOS FLÓRIDO JOÃO SANTOS

André Greipel voltou a vencer o sprint dos Campos Elísios, fez-se o tradiciona­l cortejo do esquadrão britânico da Sky, mas este Tour não deixou saudades, tal a facilidade com que Froome ganhou

Chris Froome entrou pela terceira vez em quatro anos nos Campos Elísios com a camisola amarela, festejando a vitória na Volta a França ao lado dos seus colegas da Sky. Tal como há um ano, o alemão André Greipel venceu a última etapa e a previsibil­idade dos desfechos não engana: este Tour foi para esquecer.

O britânico de 31 anos e origem queniana subiu ao pódio com o francês Romain Bardet e o colombiano Nairo Quintana, mas teve pela primeira vez um triunfo em que não conheceu rivais e mesmo ele pouco atacou, fazendo sobretudo a diferença nos dois contrarrel­ógios, num Tour tão monótono como a atual Fórmula 1, com ultrapassa­gens nas boxes e transmissõ­es televisiva­s que focam duelos de carros atrasados – no caso do ciclismo, foram as longas fugas, a valerem vitórias em oito etapas. Mas outros números ilustram a edição cinzenta: não há memória de uma diferença tão curta entre o vencedor e o décimo – 7m11s para Kreuziger, quando o habitual são mais de 15 minutos – e sobretudo são inéditos os três minutos do segundo para o checo da Tinkoff, sinónimo de falta de luta até pelos lugares atrás do camisola amarela.

O menos culpado, naturalmen­te, é Froome. A Movistar, grande rival da Sky, venceu por equipas, mas não se viu um só ataque do candidato Quintana, que chegou ao pódio mercê das quebras de outros. A Astana fez a única ofensiva séria – na 19.ª etapa, tirando o triunfo ao isolado Rui Costa –, mas dela só resultou a fuga inteligent­e de outro rival, Romain Bardet, que nesse dia ganhou o pódio.

Froome não fez as exibições em montanha dos êxitos anteriores e limitou-se a ataques criativos – um a descer, outro em plano ao lado de Sagan –, acabando a dizer uma meia verdade: “A corrida foi dura, mais do que as anteriores, mas tive a meu lado a mais forte equipa.” A parte do “dura” foi, compreende-se, apenas charme britânico.

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Bardet, Froome e Quintana formaram o pódio que menos tempo ganhou aos rivais
 ??  ?? Em 103 edições da Volta a França, Chris Froome foi o oitavo a somar três triunfos (2013, 15 e 16). “Ainda quero regressar ao Tour mais cinco ou seis anos”, avisou o líder da Sky
Em 103 edições da Volta a França, Chris Froome foi o oitavo a somar três triunfos (2013, 15 e 16). “Ainda quero regressar ao Tour mais cinco ou seis anos”, avisou o líder da Sky

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