O Jogo

CRÓNICA DEPRIMIDA

- Joel Neto neto.joel@gmail.com

Um pé cá, outro lá

Éa realidade com que temos de viver, mas nem por isso vale a pena negá-lo: não há pior fase do ano, no futebol português, do que esta. Não porque as equipas continuem por definir um onze-base ou porque nenhum resultado tenha tanta importânci­a como o grau de coesão de uma defesa, um meiocampo ou um ataque. Não porque não possamos orgulhar-nos ou envergonha­r-nos dos desempenho­s do clube de que gostamos ou porque aquilo de que os treinadore­s falam raramente coincida com o que vimos em campo. Simplesmen­te porque é quase tudo mentira ainda. É quase tudo mentira ainda e continuará a ser mentira durante semanas. Inclusive depois de as provas oficiais já terem começado – a Supertaça, as pré-eliminatór­ias europeias, a própria Liga. Insisto: em regra, ninguém num clube é tão importante como o treinador. Mas nenhum futebol se faz em exclusivo de treinadore­s, e aquilo que temos, nesta fase do ano, são treinadore­s. Dos reforços, ainda não se sabe quase nada: se se consolidar­ão ou apenas brilham a fogachos, se ficam no plantel, vão para a equipa B ou são emprestado­s. Dos jogadores que transitam, menos ainda: todos são vendáveis, e se não são é porque podem acabar na equipa B ou emprestado­s também. Não podia ser de outra maneira: somos um campeonato e um entreposto ao mesmo tempo – abraçamos oportunida­des, aproveitam­os sobras, queimamos prazos de alienação e inscrição. É como nos sustentamo­s. Mas vibrar, nesta altura, é impossível. Ou conjeturar sobre quem poderá jogar onde e em que tipo de jogo. Ou mesmo fazer coleções de cromos em condições. O ano só começa em setembro. Até lá, tudo se resume a uma volta de aqueciment­o, com a exceção de que se pode fazer ultrapassa­gens.

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