O Jogo

A virgindade europeia

O Arouca paralisou na estreia, como tantas vezes acontece às equipas portuguesa­s. Mas a UEFA não é uma excursão que se ganhou na rifa

- José Manuel Ribeiro jm.ribeiro@ojogo.pt

Jogar na UEFA obriga a sair do conforto. Os adversário­s são sempre mais altos, ou mais rijos, ou menos retraídos, ou mais idealistas e quase sempre mais confiantes. O futebol chega a parecer outro jogo, menos tranquilo do que o campeonato, porque nos palcos nacionais só se joga a 200 à hora e de faca nos dentes. Percebeuse bem o choque do Arouca, virgem europeu, em casa do Heracles. Já vimos aquela paralisia muitas vezes noutras equipas portuguesa­s, algumas até com rodagem, ou seja, com bem menos desculpas. Geralmente, perdoamos o medo cénico, mas não devíamos. Quem jogou ontem, na Holanda, não foi o Arouca; foi o quinto classifica­do de Portugal, que é sexto do ranking da UEFA e, por acaso, também campeão europeu desde há duas semanas; e quem jogou na República Checa foi o sexto classifica­do (Rio Ave), mas já com outra experiênci­a e frieza. Antes de ser “o sonho” da vida do presidente do Arouca, chegar à Liga Europa é uma responsabi­lidade para com as outras equipas portuguesa­s todas. Não é uma excursão que se ganhou na rifa. O golo de Gegé, nos descontos, perdoou essa confusão de identidade­s que pôs, em casa do Heracles, não o Arouca de aço de Lito Vidigal, mas o Arouca verde da época anterior. Graças a esse golpe do destino que foi o golo, o jogo da semana que vem será a segunda oportunida­de para uma primeira impressão. Bem necessária.

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