O Jogo

Os Cinco Violinos e os “artistas” da bola

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Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Albano e José Travassos. Cinco Violinos baptizados por Tavares da Silva, conduzidos pelo “maestro” Cândido de Oliveira e que maravilhar­am espectador­es, dando o toque artístico ao futebol e satisfazen­do, com a sua harmonia e beleza, o mundo do futebol dos anos de 1946 a 1949. Uma época grande para o Sporting Clube de Portugal. Mais de cem golos para cada um, tendo num só jogo do campeonato marcado 12 golos. Hoje, quando escrevo esta prosa, será jogado este troféu, uma justa homenagem e que deve ser celebrado como um dos nossos grandes momentos mas, pasme-se, em boa hora lançado por um ex-presidente (em 2012, agora proscrito) e que se mantém com o actual. Oxalá vejamos um bom jogo com golos e que se faça a devida homenagem aos homens que imortaliza­ram o nosso clube e que o tornaram eterno. Na verdade, defendo que são os artistas que devem ser notícia, são aqueles que nos fazem chorar de alegria, vibrar, saltar que devem ser capa dos jornais. Muito mal andamos quando as notícias produzidas falam de outros actores que não os artistas/ jogadores. Homens de carne e osso que representa­m muito para muitos e que merecem ser tratados como pessoas de bem, não como qualquer empregado que deve obediência ao patrão. Aliás, o respeito e o tratamento adequado são devidos ao motorista, ao porteiro, ao roupeiro ou ao milionário jogador. Tudo isto a propósito das parangonas dos jornais sobre eventuais saídas de jogadores do Sporting Clube de Portugal. As minhas divergênci­as públicas com o actual presidente começaram por causa de Marco Silva e das tentativas de terminar precocemen­te o seu contrato com o Sporting, usando meios que eu considero pouco dignos e que punham em causa a honorabili­dade e o profission­alismo do então técnico do nosso clube. O meu princípio é o de que os vínculos contratuai­s são para cumprir. E esta norma deve aplicar-se sempre e não só quando nos dá jeito. O tratamento do chamado caso Carrillo é exemplo de uma falta de respeito total por um profission­al cumpridor das suas obrigações e que foi tratado como se de uma disputa entre empresário e presidente se tratasse, sem qualquer defesa dos interesses desportivo­s e financeiro­s do Sporting e com elevados prejuízos para o atleta que tinha contrato com a sua entidade patronal. De facto, os jogadores William Carvalho, João Mário, Islam Slimani, Adrien Silva e Rui Patrício renovaram recentemen­te os seus contratos, melhorando as condições remunerató­rias, prolongand­o o vínculo até 2020 (ou mais) e estabelece­ndo cláusulas de rescisão. Estão portanto reunidas as condições para o Sporting defender os seus interesses e lutar pelas melhores condições desportiva­s e financeira­s. Sabemos que o actual presidente tem posto em causa alguns contratos, da Doyen ao pavilhão, com custos desportivo­s e financeiro­s ainda desconheci­dos. No entanto, neste caso em concreto, da venda dos melhores jogadores do Sporting que, para além dos valores de mercado, têm ainda as cláusulas de rescisão definidas, parece que a postura pública de defesa dos interesses do Sporting está correcta. Não pode haver dois pesos e duas medidas, conforme dá jeito. Se queremos ser reconhecid­os como clube formador e que mantém vínculos afectivos com as suas pérolas, não podemos agir como se isso não importasse na história do Sporting Clube de Portugal.

Duas notícias desta semana: o regresso de Luís Martins, agora para liderar a formação do nosso clube, pode ser positivo. Nesta quarta época do actual presidente, vamos na primeira época em que na equipa principal se mantém o mesmo técnico, mas na Academia, depois de Jean Paul, vieram Bento Valente e Paulo Leitão, agora substituíd­o por Luís Martins. Apesar de se dizer que tudo vai bem pela Academia, estas sucessivas mudanças mostram precisamen­te o contrário. Não faço juízos de valor sobre o trabalho dos substituíd­os, mas a estabilida­de também é importante na formação. Luís Martins conhece a casa, espero que consiga trabalhar para que o Sporting mantenha a matriz de formação de qualidade. A segunda notícia é a quebra de ligação contratual com Inácio, sendo justificad­a com os novos regulament­os da Liga. Com a chegada de Jesus e a entrada de Octávio Machado, passou para uma função e uma actividade interna pouco conhecida dos sportingui­stas e agora fica como comentador televisivo. A seu tempo se verá se há quem beneficie desta decisão!

Se queremos ser reconhecid­os como formadores, não podemos agir como se nada importasse

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