Rio’16 previu tudo mas falta o dinheiro
Rede de transportes melhorou, haverá diversas instalações abertas à população, uma sede para o sonhado Masters de ténis e muito mais, mas a cidade está falida
Instalações: a Arena do Futuro será transformada em quatro escolas públicas
Barra: mudanças no bairro nobre do Rio de Janeiro
são as que causam maior preocupação
Prefeito Eduardo Paes foi vaiado na Cerimónia de Encerramento, pois o Rio, que ontem se despediu dos últimos olímpicos, sente poucas mudanças para um investimento de 10 mil milhões de euros
Sendo feriado no Rio de Janeiro e chovendo como num verdadeiro dia de inverno, o primeiro dia pós-Jogos Olímpicos foi uma espécie de ressaca para os brasileiros, após um fim de semana glorioso, com títulos no futebol e no voleibol e o samba da Cerimónia de Encerramento. Só o aeroporto esteve agitado, com a família olímpica a fazer filas para os voos. Ontem, e com os últimos atletas, jornalistas e turistas a partirem, a cidade começou a usufruir de algumas das melhorias geradas pelos Jogos, como as novas linhas de transportes, recuperou as faixas de circulação que estiveram reservadas a veículos olímpicos, e começou a pensar no futuro. Vem aí o julgamento no Senado do impeachment de Dilma, eleições e, aqui reside o mistério, a reconversão de instalações para serviço público, a iniciar depois da realização dos Paralímpicos.
O Brasil tem um projeto bem montado, mas com o Rio de Janeiro falido não se sabe como será possível fazer mais obras. “A maior preocupação é a zona da Barra. Aí há muito que mudar”, diz-nos um jornalista brasileiro, referindose àquele que foi o coração dos Jogos. O local onde existiu o famoso Autódromo de Jacarepaguá, demolido em 2012, passará ser um polo de desporto, caso as obras avancem. A Arena do Futuro, do andebol, deverá ser transformada para receber quatro escolas públicas, a Rio Arena era um recinto de espetáculos e assim continuará, a Arena Carioca 1 será o Centro de Treinamento Olímpico, acolhendo 12 modalidades, e a Carioca 3 receberá o Ginásio Experimental Olímpico, onde treinarão 850 jovens a tempo inteiro. O Estádio Aquático Olímpico vai ser desmontado, deslocado e transformado em duas piscinas de treino na zona Oeste, operação quase tão cara como os 35,5 milhões de euros da construção, e o velódromo provavelmente enviado para a sede da federação de ciclismo, em Londrina. O Centro de Ténis poderá receber o sonhado Masters 1000, que procurava uma “casa” para se afirmar.
Os Estádios do Maracanã e Olímpico, este mais conhecido como Engenhão e ocupado pelo Botafogo, não serão problema e as instalações de remo e canoagem da lagoa Rodrigo de Freitas ficarão para o Flamengo. No Deodoro, parte das instalações são do exército e as restantes ficarão ao serviço de uma zona pobre e os campos de hóquei em campo passarão a centro de treinos do Flamengo.
“Não podemos desperdiçar a oportunidade de transformar a cidade. Não ficaremos com elefantes brancos. As arenas desportivas são simples, funcionais e até ‘nómadas’, transformando-se em legados para o Rio de Janeiro”, defendeu o prefeito Eduardo Paes, embora, por enquanto, a população vá sentindo apenas duas melhorias, nos transportes ena segurança. Não será muito para uns Jogos que custaram 10 mil milhões de euros. E talvez por isso Paes tenha sido vaiado na noite do encerramento.