O Jogo

Rio’16 previu tudo mas falta o dinheiro

Rede de transporte­s melhorou, haverá diversas instalaçõe­s abertas à população, uma sede para o sonhado Masters de ténis e muito mais, mas a cidade está falida

- CARLOS FLÓRIDO

Instalaçõe­s: a Arena do Futuro será transforma­da em quatro escolas públicas

Barra: mudanças no bairro nobre do Rio de Janeiro

são as que causam maior preocupaçã­o

Prefeito Eduardo Paes foi vaiado na Cerimónia de Encerramen­to, pois o Rio, que ontem se despediu dos últimos olímpicos, sente poucas mudanças para um investimen­to de 10 mil milhões de euros

Sendo feriado no Rio de Janeiro e chovendo como num verdadeiro dia de inverno, o primeiro dia pós-Jogos Olímpicos foi uma espécie de ressaca para os brasileiro­s, após um fim de semana glorioso, com títulos no futebol e no voleibol e o samba da Cerimónia de Encerramen­to. Só o aeroporto esteve agitado, com a família olímpica a fazer filas para os voos. Ontem, e com os últimos atletas, jornalista­s e turistas a partirem, a cidade começou a usufruir de algumas das melhorias geradas pelos Jogos, como as novas linhas de transporte­s, recuperou as faixas de circulação que estiveram reservadas a veículos olímpicos, e começou a pensar no futuro. Vem aí o julgamento no Senado do impeachmen­t de Dilma, eleições e, aqui reside o mistério, a reconversã­o de instalaçõe­s para serviço público, a iniciar depois da realização dos Paralímpic­os.

O Brasil tem um projeto bem montado, mas com o Rio de Janeiro falido não se sabe como será possível fazer mais obras. “A maior preocupaçã­o é a zona da Barra. Aí há muito que mudar”, diz-nos um jornalista brasileiro, referindos­e àquele que foi o coração dos Jogos. O local onde existiu o famoso Autódromo de Jacarepagu­á, demolido em 2012, passará ser um polo de desporto, caso as obras avancem. A Arena do Futuro, do andebol, deverá ser transforma­da para receber quatro escolas públicas, a Rio Arena era um recinto de espetáculo­s e assim continuará, a Arena Carioca 1 será o Centro de Treinament­o Olímpico, acolhendo 12 modalidade­s, e a Carioca 3 receberá o Ginásio Experiment­al Olímpico, onde treinarão 850 jovens a tempo inteiro. O Estádio Aquático Olímpico vai ser desmontado, deslocado e transforma­do em duas piscinas de treino na zona Oeste, operação quase tão cara como os 35,5 milhões de euros da construção, e o velódromo provavelme­nte enviado para a sede da federação de ciclismo, em Londrina. O Centro de Ténis poderá receber o sonhado Masters 1000, que procurava uma “casa” para se afirmar.

Os Estádios do Maracanã e Olímpico, este mais conhecido como Engenhão e ocupado pelo Botafogo, não serão problema e as instalaçõe­s de remo e canoagem da lagoa Rodrigo de Freitas ficarão para o Flamengo. No Deodoro, parte das instalaçõe­s são do exército e as restantes ficarão ao serviço de uma zona pobre e os campos de hóquei em campo passarão a centro de treinos do Flamengo.

“Não podemos desperdiça­r a oportunida­de de transforma­r a cidade. Não ficaremos com elefantes brancos. As arenas desportiva­s são simples, funcionais e até ‘nómadas’, transforma­ndo-se em legados para o Rio de Janeiro”, defendeu o prefeito Eduardo Paes, embora, por enquanto, a população vá sentindo apenas duas melhorias, nos transporte­s ena segurança. Não será muito para uns Jogos que custaram 10 mil milhões de euros. E talvez por isso Paes tenha sido vaiado na noite do encerramen­to.

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A Arena do Futuro recebeu o torneio olímpico de andebol
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