Itália abalada por sismo que engoliu cidades inteiras
Liga italiana decretou um minuto de silêncio em todos os jogos da próxima jornada e várias figuras do desporto manifestaram pesar
O número de vítimas é ainda provisório e são muitas as histórias trágicas. Mais feliz é a da equipa do Foggia, que estagiava em Norcia; jogadores confessaram terem sentido medo
A liga italiana decretou um minuto de silêncio na próxima jornada do campeonato; a família Agnelli, ligada à Juventus, disponibilizou um fundo de 150 mil euros para as organizações que têm ajudado nos resgates das zonas afetadas e, entre outras, foram várias as figuras do desporto que se associaram às manifestações de pesar pela tragédia. O sismo de 6,2 na escala de Richter que abalou a região central de Itália na madrugada de quarta-feira, provocando um número ainda indeterminado de vítimas, destruiu parcial ou totalmente algumas cidades (Accumoli, Amatrice, Pescara del Tronto e Sperlonga foram das regiões mais afetadas pelo sismo e réplicas que se seguiram) e o impacto foi sentido a vários quilómetros do epicentro, incluindo na capital, Roma, onde horas antes o FC Porto tinha estado a disputar o acesso à Liga dos Campeões. Itália tem um longo historial de sismos, os últimos dos quais em 2009 e 2012, mas a convivência com o fenómeno não amorteceu o choque com o nível de destruição gerado na madrugada de quarta-feira. Sergio Pirozzi, presidente da câmara de Amatrice, e também treinador da equipa local, não escondia o desespero com o cenário. “Amatrice desapareceu”, desabafou. E no meio de histórias particulares de muitas tragédias, com famílias inteiras engolidas pelos escombros, houve também, inevitavelmente, algumas que tocam no âmbito desportivo: a equipa do Foggia, clube que já disputou a Serie A italiana, viveu momentos de pânico na preparação de início de época que efetuava em Norcia. Jogadores e equipa técnica abandonaram as instalações do centro de estágio, sobressaltados, e passaram a noite na rua. “Foram instantes de terror”, resumiu Giuseppe di Bari, o diretor desportivo. “O chão tremia tanto e decidimos fugir para a rua; felizmente, estamos bem, mas tivemos muito medo”. O Foggia abandonou ontem local, dois dias antes da data prevista. Nas reações que entretanto foram sendo publicadas nas redes sociais, destacam-se as de algumas figuras do desporto. Roberto Mancini dei- xou uma palavra de “encorajamento” para os voluntários, confessando também o “momento de medo” sentido antes; mensagens solidárias foram ainda partilhadas por Carlo Ancelotti; Fabio Cannavaro; El Shaarawy; Flavia Pennetta; Pau Gasol ou Max Biaggi, por exemplo. Vários clubes, não só italianos, juntaram-se igualmente a esse coro de vozes que homenagearam as vítimas, numa altura em que a contagem, já acima de uma centena, continuava a ser atualizada.
Joel Neto