Carrillo já desata nós
Peruano entrou para marcar o segundo golo das águias e acabar com a resistência insular
Rui Vitória pediu golos e teve resposta em dose tripla, mas este feito apenas serve para maquilhar uma exibição em que houve mais transpiração do que inspiração, numa batalha que obrigou os encarnados aesforçosredobradosparavergar um Nacional intenso e coeso e para retomar o trilho dos êxitos, perdido na ronda anterior ante o Vitória de Setúbal. Houve golos, é um facto, mas também foi a águia obrigada a mostrar estofo e fibra, em dose que chegou para evitar males maiores, mas que teve de ser “faturada” a um banco que respondeu na hora da capitalização dos juros.
A escorregadela na ronda anterior, que deixou o Benfica a dois pontos dos rivais, explica a minirrevolução encetada por Rui Vitória para a deslocação à Choupana, onde o técnico esperava, e encontrou, um adversário rijo na ambição e na capacidade tática. O técnico das águias aproveitou a recuperação de Jonas para o devolver ao onze, deixando de fora o reforço Cervi – Pizzi passou de segundo avançado para extremo-esquerdo –, optando ainda pela troca de Mitroglou por Jiménez. Duas mudanças que obrigaram a mutações posicionais e que visavam dar outra intensidade na frente.
Do lado contrário, Manuel Machado teve de fazer contas à vida para montar o setor recuado, dadas as ausências de três defesas – César por estar cedido pelo Benfica, o substituto Rui Correia por lesão de última hora e Sequeira também devido a problemas físicos. Optou então pela adaptação do médio Aly Ghazal a central, lançando Cerqueira na esquerda. Mas foi no miolo que o técnico dos insulares conseguiu colocar reticências ao caudal ofensivo dos encarnados, com dois trincos – Washington e Jota – a terem ainda o apoio de Tiago Rodrigues, formando um triângulo que atuou muito próximo, por forma a bloquear André Horta na fase de transição ofensiva.
A estratégia resultou até Aly Ghazal inaugurar o marcador na própria baliza, após falha do seu guardião, mas manteve o Nacional à espreita do resultado. O Benfica, sem intensidade e com pouco espaço, viveu muito das arrancadas de Salvio pela direita – Pizzi perdeuse com a colocação na ala contrária – e pela circulação de Jonas junto à área. O campeão nacional conseguiu criar algumas ocasiões de perigo, mas a ineficácia na finalização manteve a diferença tangencial, que deixou o Nacional à espreita, sempre com Salvador Agra a tentar provocar estragos. E conseguiu-o, com um tiro que Júlio César defendeu para canto, que o mesmo Agra cobrou para Tobias Figueiredo, central cedido pelo Sporting, empatar, deixando as águias em sobressalto.
O Benfica tinha criado oportunidades de golo suficientes para deixar a Madeira com um triunfo confortável e, afinal, via-se na contingência de responder ao empate com 26 minutos para jogar. Rui Vitória lançou-se ao banco, meteu Celis para ganhar o meio-campo e o ex-leão Carrillo para vencer o jogo. O campeão pisou finalmente no acelerador e, já com o Nacional encostado às cordas fisicamente – acabou, inclusive, o jogo com dez devido a lesão de Aly Ghazal –, agarrou o triunfo que lhe permite voltar ao topo da classificação, horas antes do clássico entre líderes.