Dia de levar a máquina à revisão
Asérie Deus Ex vai buscar inspiração para o título à expressão latina de origem grega Deus Ex Machina, que significa “Deus surgido da máquina”. Normalmente, a expressão é utilizada para descrever uma solução inesperada e improvável para encerrar uma obra de ficção, tal como acontecia frequentemente no teatro grego com muitas peças a terminarem literalmente com um deus qualquer a aparecer em cena para atar todas as pontas soltas da história por artes mágicas. Os argumentistas atuais fazem algo parecido, quando desatam tramas mais ou menos complicadas e inverosímeis com a desculpa de que era tudo um sonho. A série da Square Enix, contudo, interpreta o termo de forma literal, para contar a história de um futuro em que os seres humanos usam implantes artificiais para ganharem superpoderes: deuses surgidos da máquina. Ora, Mankind Divided decorre dois anos depois dos incidentes retratados em Human Revolution, durante os quais todas as pessoas com implantes artificiais foram lançadas numa espécie de frenesim homicida. Como seria de esperar, na sequência desses acontecimentos, pessoas com melhoramentos foram proscritas criando-se uma espécie de “apartheid mecânico”. É neste cenário que o jogador tem de assumir o papel de Adam Jensen, um agente da Interpol carregadinho de melhoramentos que tem de desatar a típica conspiração que promete comprometer o futuro do planeta. À primeira vista. Deus Ex: Mankind Divided parece um shoot’em up normal e até pode ser jogador como tal, mas a ênfase está colocada na ação furtiva e até na capacidade de negociação, garantindo que esta é uma experiência diferente do habitual. Um jogo complexo que vale bem uma espreitadela.