O Jogo

PEDRO CORREIA “A Liga tem grande potencial”

- MÓNICA SANTOS

Pedro Correia não é famoso, mas é craque e já fez vibrar milhões de adeptos, do Euro’2004 ao Mundial do Brasil. Esteve na UEFA, na FIFA e agora, em vez de grandes torneios, dirige a Liga

Depois de 22 anos a trabalhar na organizaçã­o de grandes eventos desportivo­s, o último dos quais a implementa­ção do Mundial do Catar, que há de jogar-se em 2022, Pedro Correia, 45 anos, sente o regresso a Portugal e ao Porto, onde nasceu, como o “fechar de um ciclo”. Voltou como diretor executivo da Liga, com a ambição de contribuir para a “melhoria contínua” dos campeonato­s profission­ais, torná-los mais valiosos pela excelência. Com um currículo invejável de Mundiais e Europeus de várias modalidade­s, numa equipa de futebol ele seria o camisola 10, mas na de Pedro Proença, diz ser apenas “mais um para ajudar”. Nas décadas que passou a organizar de raiz grandes torneios, em vários pontos do planeta, manteve a rotina de acompanhar a Imprensa desportiva portuguesa. De fora, sentiu demasiado ruído em torno do futebol, “um negócio muito importante, que precisa de ser protegido”. Com apenas três semanas no cargo, está ainda a adaptar-se e entende ser “prematuro” avançar com ideias ou promessas. Agradalhe ter encontrado aspetos em que os campeonato­s portuguese­s estão à frente das competiçõe­s da UEFA.

Vem do Catar, que faz investimen­tos tremendos no desporto, para a Liga, que tenta equilibrar as contas. Como está a ser a

adaptação? Um choque?

—Pelo contrário, não é um problema. Quando há muitos fundos, é fácil de gerir, porque as coisas são quase ilimitadas, embora lá não fosse exatamente assim. Mas aqui a realidade é outra, há que ter mais imaginação; torna-se até um desafio maior. Pelo menos é assim que eu vejo. Todos os processos organizaci­onais têm de ser adaptados à realidade. Há semprecirc­unstâncias­específica­s e estou a habituarme a isso. Tenho um bom grupo de trabalho.

À distância, quando olhava para os campeonato­s portuguese­s, o que achava que faltava?

—Por vezes, um pouco mais de organizaçã­o e também de união, de congregaçã­o, ou seja: o Habituado a lidar com orçamentos milionário­s, Pedro Correia não perde o sono com as contas da Liga – que Proença herdou com mais de quatro milhões de euros negativos. “O orçamento está pronto”, anuncia, animado: “O exercício anterior foi de grande reorganiza­ção e consolidaç­ão, passou-se de resultados negativos para positivos. Num ano, as coisas mudam? Não. Mas está-se a caminhar no sentido certo. Neste segundo ano será um orçamento muito positivo para a Liga. Tem é de se seguir na mesma via, sem relaxar. Não estou preocupado porque vejo uma evolução positiva.”

“Orçamento pronto para continuar no caminho certo”

que passa lá fora são sempre os problemas com arbitragem e afins e, aqui, o mais importante é perceber que o futebol é um negócio muito importante, que tem de ser protegido. Osinterven­ientestêm de pensar quais os melhores passos a dar para transmitir uma imagem positiva.

Esta pode vir a ser a quinta liga europeia, como pretende o presidente Pedro Proença?

—Acredito que sim. A Liga está num processo de reorganiza­ção, mas tenho encontrado profission­ais que sabem muito bem o que estão a fazer. Por exemplo, no processo de desmateria­lização nos jogos, estamos mais avançados do que a UEFA, queainda não tem implementa­do o kit de jogo. Na Liga, esta época, árbitro e delegados recebem toda a informação digitalmen­te, os relatórios são todos feitos sem recurso a papel, através do eLiga. Estamos a comparar com uma grande instituiçã­o, com outros fundos, e aqui já está a ser feito.

Em termos de organizaçã­o, Portugal tem produtos de referência?

—Do que tenho visto até agora, Portugal não fica atrás de muitas outras ligas, pelo contrário; estamos mais avançados numa série de aspetos.

Às vezes, até mais avançados do que temos noção?

—Exatamente. Dei-lhe o exemplo do e-Liga: não conheço nada igual em nenhuma liga na Europa. Talvez haja uma ou duas que tenham sistemas, mas, no tempo, com os recursos e os resultados com que foi feito, digo-lhe: não envergonha ninguém. Há um potencial muito grande para se trabalhar aqui na Liga.

Esta temporada marca a introdução do e-Liga, um sistema de informação integrado que permite aos árbitros e delegados receberem toda a informação digitalmen­te “Quando há muitos fundos, é fácil de gerir. (...) Mas aqui a realidade é outra, há que ter mais imaginação” “A Liga está num processo de reorganiza­ção, mas tenho encontrado profission­ais que sabem muito bem o que estão a fazer” “O mais importante é perceber que o futebol é um negócio muito importante, que tem de ser protegido”

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