Euro’2004 mudou-lhe a vida
Responsável pelo controlo dos gastos do torneio, fechou as contas abaixo do orçamento. Caso raro
É impossível resumir o Euro’2004 apenas ao falhanço da Seleção Nacional na final com a Grécia, um trauma coletivo do qual os adeptos foram resgatados este ano, com a conquista do Europeu de França. Quem viveu o torneio, nos estádios ou simplesmente nas cidades que receberam os jogos, guardou a memória de dias alegres, reflexo de uma organização exemplar. Para Pedro Correia, que se estreara na organização de eventos em Macau, na passagem do território então sob administração portuguesa para a China, esse foi um momento-chave na carreira. Coube-lhe controlar o orçamento, e a sociedade Euro’2004 fê-lo de forma exemplar. Já as autarquias impuseram ao Estado desvios orçamentais brutais, que chegaram a superar a metade dos valores inicialmente acordados e que custaram milhões de euros.
Na parte que lhe competia, o “orçamento operacional, para a implementação das operações”, o sucesso foi completo: “Ficámos abaixo do orçamento.” Em redor, o fenómeno dos custos que disparam não é novo, nota: “Noutro dia vi um estudo sobre os Jogos Olímpicos e só houve uns que ficaram abaixo do orçamentado; foi na Noruega, em Lillehammer. Acaba por haver desvios. Esta- mos a falar de grandes infraestruturas, de grandes modificações e de muitas entidades envolvidas. É natural que seja mais difícil controlar esses orçamentos.”
O Euro’2004 acabou por “mudar a vida” de Pedro Correia. Seguiu para a Suíça, trabalhou com a UEFA, com a FIFA, andou pelo mundo a dar corpo a grandes eventos e ainda hoje se cruza com boas memórias desses dias alegres do verão de 2004. “Em termos organizativos, obviamente, as coisas melhoraram, naquela perspetiva de melhoramento contínuo, mas ainda hoje as pessoas continuam a lembrar o Euro’2004, o ambiente à volta continua a ser um cartão para Portugal. Já passaram 12 anos e continua a ser uma referência.”
“São grandes infraestruturas e muitas entidades. É natural que seja difícil controlar esses orçamentos” Pedro Correia Diretor executivo da Liga