O Jogo

Pedro Santos a jogar num dos grandes já estaria na Seleção

- Miguel Pedro

O Pedro Santos está a mostrar-se um jogador de grande qualidade (o que já sabíamos, claro)

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Numa recente entrevista à revista “Sports Magazine”, José Mourinho explicou porque recusou convites de vários clubes europeus e optou pelo Manchester United e pela liga inglesa: “Poderia ter ido para outra liga, como fiz no passado. Mas preferi a liga inglesa pois é especial. Gosto da imprevisib­ilidade. Em muitos países, os grandes clubes não querem isso. Querem ficar mais gordos e que os outros fiquem cada vez mais magros. Nesses países, os grandes querem ter a certeza de que vão ser campeões. De que têm assegurada a presença na Champions. Em Inglaterra pretende-se o oposto, deseja-se que todas as equipas sejam poderosas, capazes de comprar, que possam recusar vender jogadores. Queremos que todos os clubes sejam competitiv­os. É esta a nossa liga e por isso é especial.” Talvez Mourinho não estivesse a falar em concreto do campeonato português, mas que estas declaraçõe­s retratam fielmente o que se passa em Portugal, disso não restam dúvidas. Quando o campeonato português começa, nunca se coloca sequer a questão do campeão não ser um dos três habituais. E, no decurso do campeonato, tudo se posiciona, tudo joga a favor destes mesmos três. Ainda neste último jogo do SL Benfica, que empatou como o Vitória de Setúbal em casa, tentou falar-se da… arbitragem (?) para explicar a resultado. Mas o absurdo foi tanto que o próprio treinador benfiquist­a nem conseguiu explicar porque se queixava da arbitragem. É o início do processo: sempre que um dos três perder pontos neste campeonato, vai falar-se de… arbitragem. Habituem-se. E os comentador­es, os programas, os jornais, tudo alinha pela mesma partitura. Assim é difícil ser-se uma liga especial, como a de Mourinho.

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(Este ponto foi escrito após o jogo Braga-Rio Ave e antes do jogo contra o Estoril.) No jogo do SC Braga com o Rio Ave voltou a pairar o espetro da “equipa de pé frio” de Peseiro. Na verdade, após uma (muito) boa primeira parte, o Braga não só não tinha marcado, como tinha sofrido um golo, numa situação de manifesto desequilíb­rio do seu sector defensivo. E foi preciso repor a dupla de atacantes que tanto sucesso fez na época passada para conseguirm­os, já em período de descontos, marcar o golo do empate. Um mal menor. E, após o jogo, as perguntas surgiram: o que leva um treinador a abdicar da dupla de avançados que, na época passada, valeu mais de um terço dos golos apontados pela equipa? A resposta mais evidente é que o sistema tático, o tal 4x2x3x1, não permite utilizar a dupla como no ano passado; e Peseiro é fiel aos seus princípios táticos. Ora, a verdade é que eu não compreendo muito bem os treinadore­s que são “fieis aos seus princípios”, mesmo quando estes não produzem resultados. O treinador deve ser, acima de tudo, o homem que arranja soluções para os problemas. E se para tal tiver que alterar os seus princípios, então não há nada de errado em fazê-lo. Não estou a dizer que é o que se passa com José Peseiro (até porque mudou para 4x4x2 e jogou com dois avançados na meia hora final do jogo). No caso do SC Braga estou convencido que é preciso esperar para ver os resultados das propostas de Peseiro. É muito normal que assim seja e no futebol é preciso ser-se paciente.…aguardemos, então.

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O jogo contra o Estoril mostrou duas coisas: a primeira, que o SC Braga sabe atacar, e de que maneira. A primeira parte foi um verdadeiro compêndio de “bem atacar em futebol”. Saber, agora, encontrar o equilíbrio entre este poderio ofensivo e a competênci­a defensiva será o grande objetivo do treinador. A vitória foi justíssima e merecida. A segunda coisa é que Pedro Santos está a mostrar-se um jogador de grande qualidade (o que já sabíamos, claro). A jogar num dos 3 do costume, já estaria na convocatór­ia de Fernando Santos.

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