O Jogo

Fogo amigo

Equipa de Paulo Fonseca intratável mesmo reduzida a 10

- Textos PEDRO ROCHA

Expulsão de Fred, logo no começo do segundo tempo, foi um breve arcoíris para o Braga. Com sorte à mistura, Kovalenko escarafunc­hou a ferida dos bracarense­s e o Shakhtar só teve de gerir a vantagem

Os jogos da Liga Europa não são tão fáceis como os debates televisivo­s entre candidatos à presidênci­a dos Estados Unidos. Perante um Donald Trump desbocado, a salivar e a debitar provocaçõe­s, Hillary Clinton foi metendo água na fervura, aguardou cheia de paciência pelos momentos certos para aplicar alfinetada­s cirúrgicas e alcançou um precioso empate técnico. Jogo falado à parte, o Shakhtar teve uma entrada de leão e dispensou o cavalheiri­smo de aguardar por uma reação do Braga, chegando bem cedo à vantagem, no seguimento de um livre. A defesa, a principal ferida dos minhotos, estava mesmo à mão de semear e Stepanenko nem pensou duas vezes quando a bola foi ter aos seus pés, após um mau alívio. A expulsão de Fred, logo no começo da segunda parte, chegou a ser um clarão de esperança, mas o sonho de recuperar a desvantage­m depressa se desvaneceu num novo livre, concluído com êxito por Kovalenko. Estava consumada a quinta derrota com o Shakhtar.

Sem adaptações na retaguarda (confirmou-se a titularida­de de Artur Jorge), o Braga apresentou-se de início, na medida do possível, na máxima força, com a base dos jogadores mais utilizados por José Peseiro neste começo de época. Inspirado no último jogo, frente ao V. Setúbal, o capitão Alan voltou para o banco de suplentes, por troca com Pedro Santos, e Ricardo Horta reapareceu na posição 10, apoiado na retaguarda por Mauro e Vukcevic e sempre de olho no tridente ofensivo dos arsenalist­as. Em nome da prudência, não convinha inventar e o caminho mais rápido para um jogo disciplina­do dependeria de uma equipa bem sincroniza­da. Caso contrário, os golpes do Shakhtar tornar-se-iam mais fáceis. No estirador de José Peseiro, fazia tudo sentido, mas não bastava para travar aquele gigante, sempre em alta rotação.

Por onde passa (pelas alas ou zonas interiores), a equipa ucraniana, agora comandada por Paulo Fonseca, parece uma retroescav­adora que leva tudo à frente e o Braga demorou tempo a fazer o essencial: ter bola ou pelo menos escondê-la de Bernard, Fred, Stepanenko e Kovalenko, entre outros. A alternativ­a possível era explorar o contra-ataque e só mesmo perto do intervalo é que conseguiu ameaçar parcialmen­te a baliza de Pyatov. A pontaria não ajudava e a defesa contrária mantinha-se bem organizada, não permitindo grandes veleidades a Hassan e companhia. Era preciso algo diferente e, sem querer, Fred deu uma ajuda ao ser expulso, logo no começo da segunda parte, por simulação de uma carga na área. Contra dez, seria a deixa para o Braga soltar amarras. A defesa, porém, continuava a abanar e, num novo lance de bola parada e também de azar, o Shakhtar ampliaria a vantagem, com Kovalenko a aproveitar uma bola espirrada pela barreira.

A única alternativ­a que sobrava era fechar os olhos aos problemas defensivos e arriscar como se não houvesse amanhã. José Peseiro esqueceu momentanea­mente o 4x3x3 dos últimos tempos, juntando Stojiljkov­ic a Hassan na frente e dando um pouco mais de trabalho ao adversário. Tudo somado, saldou-se numa única boa oportunida­de: no momento da verdade, Vukcevic atirou por cima.

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Ordets, de cabeça, ganha a bola ao egípcio Hassan
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