“Luís Gonçalves voltou ao FC Porto com paixão”
Paulo Fonseca diz que estrutura portista não ficou fragilizada com a saída de Antero Henrique
“Rafa tem margem para crescer no Benfica” “O Sporting reforçou-se bem e... tem Jesus”
O treinador está bem informado dos principais temas do futebol português. Pede estabilidade para Nuno Espírito Santo e não vê a estrutura portista fragilizada pela saída de Antero Henrique
O arranque, aos soluços, do FC Porto não surpreendeu Paulo Fonseca. O treinador do Shakhtar Donetsk viu-se num filme semelhante no comando técnico dos dragões e compreende como poucos a difícil missão de Nuno Espírito Santo, a quem augura uma época proveitosa se o clube for compreensivo e lhe der tempo. Ameaçado pelo potencial do Benfica e Sporting, o FC Porto terá, entretanto, acertado em cheio, segundo Fonseca, ao contratar Luís Gonçalves para o lugar do ex- diretor-geral Antero Henrique, “uma pessoa muito inteligente e excelente profissional”. Numa entrevista exclusiva a O JOGO, no rescaldo da vitória do Shakhtar sobre o Braga, para a Liga Europa, passou em revista os principais temas do futebol português. Que análise faz do começo do campeonato? —Tenho confirmado aquilo que era expectável: os três grandes já começam a destacar-se das outras equipas do campeonato. O Benfica e o Sporting parecem ser equipas muito fortes, enquanto o FC Porto, que tem vários jogadores novos, está em fase de crescimento. O Nuno Espírito Santo é um treinador novo no FC Porto, mas acho que está no bom caminho. Os últimos resultados do FC Porto não têm sido muito animadores. Nuno Espírito Santo corre o risco de falhar no comando da equipa, tal como aconteceu consigo? —Sinceramente, espero que não. O Nuno precisa de ter a estabilidade necessária para desenvolver o seu trabalho e as pessoas devem compreendê-lo. Julgo que o próprio presidente Pinto da Costa já referiu isso. O FC Porto está no começo de um novo processo, porque tem um treinador e jogadores novos. Há novas ideias e tudo isso precisa de tempo. Ainda estamos muito no início. Não é fácil prever o que vai acontecer. Falta muito campeonato, faltam muitos jogos. Se continuar a evoluir, o FC Porto tem tudo para se tornar num forte candidato ao título. A saída de Antero Henrique fragilizou a estrutura do FC Porto? —Não sei se fragilizou. Da vivência que tive com o Antero Henrique, só posso dizer que se trata de um excelente profissional. É uma pessoa muito inteligente e, segundo parece, decidiu sair. Curiosamente, entrou para o seu lugar o engenheiro Luís Gonçalves, que trabalhava comigo no Shakhtar como diretor do de-
“O engenheiro [Luís Gonçalves] é um grande portista, ama o FC Porto”
partamento de scouting, e o FC Porto ficou muito bem servido. Quando o informou que iria assumir o cargo de diretor-geral do FC Porto, o que lhe disse Luís Gonçalves? —Mostrou-se muito satisfeito com esse novo desafio. O engenheiro é um grande portista, ama o FC Porto. Notei nele uma grande satisfação por voltar ao seu clube e eu sei que vai desempenhar o cargo com grande paixão e amor. Confessou-lhe alguns receios? —Não deu tempo para uma grande conversa. As coisas foram tão repentinas que só deu para nos despedirmos por telefone, porque eu não me encontrava em Kiev. Coincidiu com uma deslocação da equipa. Mas temos mantido contacto.
“O Benfica e o Sporting parecem ser equipas muito fortes, enquanto o FC Porto, que tem vários jogadores novos, está em fase de crescimento” “O Nuno precisa de ter a estabilidade necessária para desenvolver o seu trabalho e as pessoas devem compreendê-lo” “[Sporting] reforçou-se muito e bem. Com o treinador que tem, não há dúvidas de que será uma das equipas mais fortes do campeonato” Em quatro presenças na I Liga – duas pelo Paços de Ferreira, uma pelo FC Porto e outra pelo Braga, Paulo Fonseca cumpriu 119 jogos, onde somou 55 vitórias, 37 empates e 27 derrotas