INCAPACIDADE EUROPEIA ADENSOU DÚVIDA INTERNA
Dificuldades no jogo ofensivo tornam-se mais evidentes quando o adversário é superior no plano individual; continua a faltar um 10 para dar força ao modelo de Peseiro
Na Liga Europa, o Braga está no fundo do ranking em número de passes, percentagem de posse de bola e remates na direção da baliza; falta consolidar o processo ofensivo desta nova ideia de jogo
Perder em Lviv, frente ao ShakhtarDonetsk,nuncaserá dramático para um clube com a dimensão do Braga – basta conferir o historial de derrotas nos quatro confrontos anteriores entre as duas equipas para se confirmar a tese –, e por isso nem sequer foi este último resultado europeu que fez aumentar as dúvidas sobre o atualestadoevolutivodaequipa, mas antes aquilo que ela nunca foi capaz de fazer na Ucrânia. No final da partida, José Peseiro reconheceu as di- ficuldades do Braga; falou na falta de agressividade, de critério nas decisões, de profundidade no ataque, e ainda na incapacidade para criar desequilíbrios no jogo interior e exterior, tal como nos duelos individuais. Muitos problemas,portanto,adensadospelo facto de o Braga ter jogado praticamente durante toda a segunda parte em vantagem numérica depois da expulsão de Fred (47’).
Apesar dos dois golos sofridos terem surgido de ressaltos – e muita falta de atenção... –, voltou a ser no ataque que a equipa sentiu mais dificuldades. Notou-se, mais uma vez, a falta de um jogador capaz de colar o jogo da equipa, um 10 de qualidade para encaixar no modelo desenhado por Peseiro, alguém capaz de oferecer critério em posse. Ricardo Horta dificilmente será esse jogador e, no atual plantel, continua a não aparecer ninguém talhado para cumprir essa missão, sobretudo nos jogos de maior exigência como são estes da Liga Europa.
A estatística europeia ajuda apenas a sustentar esta dúvida existencial que persiste no modelo de Peseiro: o Braga é a equipa que menos passes faz por jogo na competição, 422 nos dois jogos, 374 bem sucedidos (o Shakhtar, por exemplo, fez 1111 passes, 1030 com sucesso...); mas os arsenalistas são ainda a quinta equipa com pior percentagem de posse de bola na competição (40%) e também a quinta que menos remata na direção da baliza (5). E em Lviv, nem um para amostra...
A nível interno, esses problemas ofensivos têm sido atenuados pela superioridade arsenalista no plantel individual, mas é inegável que falta consolidar uma ideia de jogo para o Braga dar um salto qualitativo, a começar já pela deslocação de amanhã a Arouca. O teste, mais um, é difícil.