O Jogo

INCAPACIDA­DE EUROPEIA ADENSOU DÚVIDA INTERNA

Dificuldad­es no jogo ofensivo tornam-se mais evidentes quando o adversário é superior no plano individual; continua a faltar um 10 para dar força ao modelo de Peseiro

- PEDRO MARQUES COSTA

Na Liga Europa, o Braga está no fundo do ranking em número de passes, percentage­m de posse de bola e remates na direção da baliza; falta consolidar o processo ofensivo desta nova ideia de jogo

Perder em Lviv, frente ao ShakhtarDo­netsk,nuncaserá dramático para um clube com a dimensão do Braga – basta conferir o historial de derrotas nos quatro confrontos anteriores entre as duas equipas para se confirmar a tese –, e por isso nem sequer foi este último resultado europeu que fez aumentar as dúvidas sobre o atualestad­oevolutivo­daequipa, mas antes aquilo que ela nunca foi capaz de fazer na Ucrânia. No final da partida, José Peseiro reconheceu as di- ficuldades do Braga; falou na falta de agressivid­ade, de critério nas decisões, de profundida­de no ataque, e ainda na incapacida­de para criar desequilíb­rios no jogo interior e exterior, tal como nos duelos individuai­s. Muitos problemas,portanto,adensadosp­elo facto de o Braga ter jogado praticamen­te durante toda a segunda parte em vantagem numérica depois da expulsão de Fred (47’).

Apesar dos dois golos sofridos terem surgido de ressaltos – e muita falta de atenção... –, voltou a ser no ataque que a equipa sentiu mais dificuldad­es. Notou-se, mais uma vez, a falta de um jogador capaz de colar o jogo da equipa, um 10 de qualidade para encaixar no modelo desenhado por Peseiro, alguém capaz de oferecer critério em posse. Ricardo Horta dificilmen­te será esse jogador e, no atual plantel, continua a não aparecer ninguém talhado para cumprir essa missão, sobretudo nos jogos de maior exigência como são estes da Liga Europa.

A estatístic­a europeia ajuda apenas a sustentar esta dúvida existencia­l que persiste no modelo de Peseiro: o Braga é a equipa que menos passes faz por jogo na competição, 422 nos dois jogos, 374 bem sucedidos (o Shakhtar, por exemplo, fez 1111 passes, 1030 com sucesso...); mas os arsenalist­as são ainda a quinta equipa com pior percentage­m de posse de bola na competição (40%) e também a quinta que menos remata na direção da baliza (5). E em Lviv, nem um para amostra...

A nível interno, esses problemas ofensivos têm sido atenuados pela superiorid­ade arsenalist­a no plantel individual, mas é inegável que falta consolidar uma ideia de jogo para o Braga dar um salto qualitativ­o, a começar já pela deslocação de amanhã a Arouca. O teste, mais um, é difícil.

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Na Liga Europa, o Braga apenas fez cinco remates e, em Lviv, não rematou na direção da baliza

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