“Gostava de tentar outro patamar”
Finlândia Desde 2012, conseguiu quatro promoções e foi quatro vezes campeão. É um herói na zona rural de Sauvo e Paimio, as terras que são berço do Paimari United
A periodização tática do técnico luso e o ambiente incrível que foi criado em redor da equipa fazem história na Finlândia. As proezas do jovem técnico português já são comentadas em Helsínquia…
Diogo Nobre tem 30 anos e licenciou-se em Treino Desportivo em Rio Maior. Há quatro anos aceitou uma proposta para pegar no Paimeri United, umrecém-criado clube finlandês. Começou no sexto escalão e acaba de subiràIIdi visão. Uma história de sucesso. Quarta subida consecutiva e outros tantos títulos! Qual é o segredo? —Trabalho árduo e honesto e enorme ambição, aliados a uma forte organização num clube sem grandes recursos. E a responsabilização social dum grupo de jovens adultos em torno do objetivo comum, com um compromisso muito forte para representar a nossa zona, que é rural, a 30 km da cidade mais próxima, e que nunca tinha tido grandes equipas de futebol. Estes jogadores estão a fazer história. Em termos de futuro próximo, que perspetiva? Dar o salto… continuar? —O campeonato acabou [no sábado passado] e já não há mais jogos oficiais até 2017. Em termos de futuro, eu e a equipa técnica gostávamos de tentar outro patamar, aqui na Finlândia, mas se ficarmos no Pai ma ri também ficaremos felizes. Seja como for, está tudo em aberto, ainda nada discutimos com o presidente.
Como foi o campeonato? —Tal como em todos os outros, o Paimari só passou para a liderança na segunda volta. Estivemos sempre em 3.º lugar na primavera, mas, como os finlandeses ainda trabalham com picos de forma, acabam sempre, mais tarde ou mais cedo, por ter uma quebra de rendimento. De modo que nós, que privilegiamos a “periodização tática”, conseguimos manter a frescura física e psicológica o ano todo e aproveitamos para ultrapassar as equipas de topo na reta final, quando o nosso modelo de
jogo está perto da perfeição. Que outros portugueses há no Paimari? —Os meus adjuntos André Miranda e Hugo Henriques e três jogadores: Gerson Lima, Leonildo Soares e Adimar Neves. Os dois últimos fizeram a sua estreia internacional por São Tomé e Príncipe em jogos do apuramento da CAN. Como é que a região reagiu a nova proeza? Vocês são todos heróis para essa gente… —Algumas pessoas das nossas vilas (Sauvo e Paimio) e jogadores jovens do clube viajaram no autocarro da equipa no jogo decisivo. Foi uma mobilização fantástica! Nesse jogo, em Masku, invadimos a terra e parecia que estávamos a jogar em casa! Todos no clube são uma espécie de heróis locais, mas o importante é que agora mais atletas jovens querem chegar à equipa sénior para serem eles a viverem esses momentos no futuro. E isso é o mais significativo. Como é que o Diogo Nobre é visto atualmente na Finlândia? —Na zona de Turku (sudoeste finlandês) penso que as pessoas já dão muito valor ao nosso trabalho. Em Helsínquia também começamos a ser falados. E sei que há um leve interesse de uma ou duas equipas de divisões de topo, mas ainda não há nada concreto, vamos aguardar pelo final da época no mês que vem. A II Divisão finlandesa já é profissional? —A II divisão aqui é como nosso Campeonato de Portugal. Eu diria semiprofissional, com algumas equipas a investirem dinheiro a sério para subirem rápido, com vários profissionais. Mas há outras que só pagam pequenos subsídios para combustível e pouco mais.
“Todos no clube são uma espécie de heróis locais e agora mais jovens querem chegar aos seniores”
Diogo Nobre
Treinador do Paimeri United