A treta do chip “À
Como se forjam desculpas quando a bola espirra e os resultados desalinham...
s vezes apetece-me dizer coisas certas com palavras erradas, mas hoje vou aguentar-me”, largou Jorge Jesus há quatro anos, quando refletia sobre a capacidade das equipas portuguesas de fazerem mais na UEFA do que uma diversidade de emblemas cheios de dinheiro. Ainda bem que, ontem, o treinador não se conteve na sala de Imprensa do Sporting. A intervenção correu ainda melhor porque disse enfim o que se impunha e com as palavras ajustadas: ao mais alto nível, a história da mudança de chip entre provas internacionais e nacionais é apenas isso, uma história – e das convenientes, adiciono. Ou, reforço, uma falácia, uma treta usada apenas para forjar desculpas quando a bola não entra e os resultados desalinham dos objetivos, principalmente quando a época está no início ou nem a meio chegou. Sim, as decisões dos árbitros, e não importa se discutíveis até à milésima repetição, são escapatórias apetecíveis, mas... façamos uma ponte. Como diz Jesus, uma partida europeia de grande ou média exigência entre jogos de campeonato “provoca desgaste emocional e físico”, mas, se falamos de genuínos candidatos ao título que se munem de argumentos para serem os mais fortes a nível nacional, então a questão será sempre uma: ou se é capaz ou não se é. Ora, o leão que diz “ir com tudo” para ressentir o (apagado) gosto de ser campeão não pode espalhar-se ao comprido numa “simples” visita ao Rio Ave! Hoje, em Guimarães, encontrará resistência teoricamente maior, mas está obrigado a compensar-se. O mesmo vale, letra por letra, para o FC Porto: não lhe basta dizer que está faminto, tem de ser capaz de comer na Choupana o que lhe escapou por entre os dentes em Tondela.