Guedes marcou e desaproveitou a goleada
O Rio Ave venceu, convenceu e até podia ter goleado um Estoril que nunca teve argumentos para equilibrar um jogo sempre dominado por uma equipa personalizada
Os vila-condenses apanharam o Belenenses e o Chaves na tabela e continuam a sorrir na Costa do Estoril, onde não perdem desde 83/84. O anfitrião vê a descida a quatro pontos
A tradição persistiu na Amoreira, onde o Rio Ave não é desfeiteado desde a longínqua época de 1983/84. E se de lá para cá apenas se disputaram mais 11 jogos, para as diversas competições, o de ontem será, porventura, o mais desataviado. Os vila-condenses triunfaram, sem mácula, e por números que poderiam ter causado inusitado escarcéu, caso Guedes, aquele que até abriu o ferrolho do marcador (aos 20’), tivesse concretizado as inúmeras (31’, 49’, 68’ e 78’) chances para robustecer o marcador. Não o fez, e os canários foram ganhando ar para voar ainda que sempre baixinho.
O miolo anfitrião não carburava, Licá era uma sombra na esquerda e Kléber o protestante de serviço. Num deles levou amarelo (27’ ), mas Marcelo não parece ter cometido falta para penálti, tal como Petrovic sobre Eduardo (38’) e, ainda, Roderick por bola na mão (58’). Muito esbracejaram os estorilistas, mas essa impetuosidade altiva não se repercutiu em campo, onde Gil Dias, Krovinovic e Rúben Ribeiro ditaram os momentos e ritmos de jogo e desbarataram, por completo, a estrutura canarinha. A título de exemplo, a primeira oportunidade de real perigo do Estoril sucedeu aos 62’, num remateacrobáticodeLicá.E,depois, só ao cair do pano, através dos suplentesBrunoGomes(89’), que não ultrapassou Cássio no mano a mano, e de Gustavo Tocantins (90’+3’ ), num cabeceamento que levou a bola a rasar o poste esquerdo visitante. Mas antes, durante e depois (Krovinovic 64’, Tarantini 76’, Gil Dias ao poste, 78’, Heldon, 85’...), só se viu um futebol enleante do Rio Ave, de pé para pé, ou com aberturas rápidas para os alas, de onde germinou perigo em catadupa. A equipa não ganhava há quatro jogos, mas, como Luís Castro “não come tudo” o que lhe dão, apostou nos seus “homens de confiança”, que lhe responderam com voz grossa e deram música ao Estoril, mesmo sem a presença assídua dos bombos da claque.