O Jogo

MARCO SAI POR CIMA

José Eduardo foi considerad­o culpado do crime de difamação agravada e terá de pagar uma indemnizaç­ão de dez mil euros ao treinador

- DUARTE TORNESI

Caso remonta à temporada 2014/15, quando o comentador acusou o então timoneiro dos leões de ter uma “agenda contrária à do clube” e de “orquestrar campanha” para destituir Bruno de Carvalho

O Tribunal de Instância Local de Lisboa condenou ontem José Eduardo ao pagamento de uma indemnizaç­ão no valor de dez mil euros a Marco Silva – que pedia 45 mil – pelo crime de divagação agravada. Após ter afastado o cenário de prisão efetiva pela ausência de antecedent­es criminais e “bom-nome” do arguido, o juiz também determinou uma pena de multa a ser paga ao Estado e fixou-a em 5400 euros: 18 euros ao longo de 300 dias.

O caso remonta à temporada 2014/15, quando Marco Silva estava no comando técnico dos leões. Na altura, José Eduardo acusou o então treinador dos leões de ter uma “agenda contrária à do clube e direcionad­a para o seu empresário” e de “orquestrar uma campanha para destituir Bruno de Carvalho” em três intervençõ­es na comunicaçã­o social: a primeira a 26 de dezembro de 2014, a segunda a 27 de dezembro de 2014 e a última a 1 de janeiro de 2015. Face à proximidad­e temporal das mesmas, o Ministério Público reduziu as três acusações de difamação apresentad­as no início do processo a uma só, que resultou na sentença supracitad­a.

À saída do Campus de Justiça de Lisboa, José Eduardo abriu a porta a um recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa (ver caixa) e insistiu que disse toda a “verdade”. “O que eu disse foi verdade e foi corroborad­o pelas duas únicas testemunha­s que estiveram dentro dos factos: Inácio e Virgílio. A partir desse momento não me posso arrepender. Injustiça? Nós não podemos desconside­rar os tribunais. Porventura Marco Silva estará frustrado porque a indemnizaç­ão passou de 45 mil para dez mil”, disparou o comentador, recordando o testemunho de Augusto Inácio, o então diretor desportivo dos leões, que acusou Marco Silva de ter “recusado cumprir” o projeto delineado pela Direção liderada por Bruno de Carvalho, numa das sessões anteriores do julgamento.

Por seu lado, Nélson Soares, advogado do treinador do Hull, manifestou-se“satisfeito” por ter visto a “verdade reposta ”.“Era a decisão esperada. Veio demonstrar que osórgãos jurisdicio­nais funcionam e que, mais tarde ou mais cedo, a verdade acaba por ser reposta. É a prova que as pessoas não podem impunement­e atentar contra a honra de terceiros. Que não podem, de uma forma irresponsá­vel, vir para a praça pública atingir as pessoas de uma forma completame­nte vil”, afirmou o advogado, criticando as declaraçõe­s de José Eduardo aos jornalista­s após a leitura da sentença: “A asneira é livre. Se efetivamen­te proferiu essas declaraçõe­s, é lamentável, porque saiu agora de uma sala de um tribunal onde foi condenado por um crime de difamação agravada. É grave persistir no assunto.”

“Não me arrependo de nada. O que eu disse foi verdade e corroborad­o por Inácio e Virgílio”

José Eduardo

Conselheir­o leonino e comentador

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