ONDA AZUL
TAXA DE OCUPAÇÃO AUMENTOU EM NOVE DOS ONZE ESTÁDIOS VISITADOS PELOS DRAGÕES
Negociação direta entre clubes contribuiu: os bilhetes estão mais baratos
Novo diretor geral exige aos jogadores que dispensem tempo aos adeptos
Em Arouca estarão mais portistas do que o total de espectadores da época passada
Os resultados andam na crista da onda, mas é a relação mais estreita entre jogadores e adeptos que leva os portistas a terem presença cada vez mais forte. Ainda não é como o Benfica, mas quase...
Ontem à noite restavam apenas 200 dos 3344 bilhetes que o Arouca cedeu ao FC Porto para o jogo desta noite. Hoje, esses também vão esgotar e isso é um ponto de partida para chegar a outra conclusão: os portistas estão este ano mais perto da equipa e dispostos a muito mais sacrifícios para a empurrarem rumo ao título que é do Benfica há três épocas consecutivas. Na épocapassada estiveram em Arouca 3355 espectadores, arouquenses incluídos; este ano, só os portistas serão tantos como todos os de 2015/16.
As retas finais de cada campeonato são, por norma, propícias a que os clubes multipliquem adeptos e se promovam grandes receitas. No caso do FC Porto, isso começou a acontecer antes mesmo da aproximação ao Benfica. Arouca será o nona das 11 casas que o FC Porto visitou este ano com mais espectadores e uma taxa de ocupação amplamente superior na comparação com 2015/16. Só o Restelo teve menos adeptos este ano. E o jogo com o Tondela também, mas devemos recordar que o do ano passado foi disputado em Aveiro, cidade mais próxima do Porto.
Desde o Estoril que a mancha azul se nota particularmente forte. Na Linha estiveram cerca de três mil portistas, mais de metade da assistência total, o que permitiu que a equipa se tenha sentido em casa. “Estamos felizes por saber que vamos ter muitos adeptos em Arouca. Que nos façam sentir em casa”, desejou anteontem Nuno Espírito Santo a esse propósito. Nas deslocações posteriores, foi quase sempre assim: 3500 dos 6600 espectadores que estiveram no Restelo, dez mil dos 13 500 espectadores no Bessa e agora em Arouca. A exceção foi Guimarães, mas o Vitória é, a esse nível, um clube ímpar e conseguiu manter a maioria. Ainda assim, estiveram perto de sete mil portistas, cinco mil desses sentados nos lugares oficiais que o adversário cedeu.
A empatia com os jogadores é, a par dos bons resultados e de “uma vontade enorme de ver o FC Porto campeão”, o principal fator mobilizador. A garantia é de quem não falhou uma única deslocação: Fernando Madureira, o líder dos SuperDragões. “As pessoas reveem-se novamente na equipa. A política do anterior diretor desportivo [Antero Henrique] era de afastamento. Metia os jogadores numa redoma; os jogos terminavam e os jogadores recolhiam logo ao balneário. Agora, os jogadores ficam 3/4 minutos a agradecer e isso ajuda”, explica o Macaco. “Noto essa onda bem vincada. A Arouca, por exemplo, nunca levámos tanta gente. Mas é preciso haver a tal envolvência com a equipa e, depois, nós também ajudarmos a mobilizar. Felizmente, a administração e este diretor-geral [Luís Gonçalves] perceberam
que este pode ser um fator preponderante”, completa, seguro de que uma mancha azul tão grande pode ajudar a equipa a ser campeã : “Um estádio com 3500 portistas ou um com 500 é completamente diferente, seja na motivação aos jogadores, seja na pressão sobre os árbitros, para evitar que estes cometam os mesmos erros do início.”