GOLOS EQUILIBRAM COMBATE DESIGUAL
FREAMUNDE Filippi luta contra um linfoma diagnosticado em janeiro. Os colegas dedicam-lhes todos os golos da equipa
Afinal, não era só uma gripe. O cansaço, o desconforto na garganta e os episódios febris eram o prenúncio de uma nova batalha na vida do jovem argentino, que aos 22 anos lutava pelo sonho europeu
Os exames feitos em Portugal revelaram o nome do novo adversário de Filippi. “De todas as doenças más, tocou-me a melhor” – é desta forma, quase desconcertante, que Filippi aborda o linfoma de Hodgkin que pôs travão à carreira de futebolista e o levou de regresso à Argentina, onde tem combatido a doença que classifica como enganadora. “Com os sintomas que tinha, nunca pensei ter algo tão grave”, desabafou.
A quimioterapia, dividida em seis sessões, tem ocupado parte do seu tempo, no que considera “um intervalo na carreira”. Com quatro etapas já concluídas, diz sentir-se “muito bem”, embora saiba que ainda é cedo para voltar aos relvados. “Para já terei de fazer mais duas sessões, com intervalos de quinze dias. Depois, novo estudo para perceber se ainda há células resistentes no meu corpo”, explica. Acompanhado de perto pelos pais e dois irmãos, tem feito uma vida normal: “Tenho corrido e tenho feito algum ginásio.”
À distância, vai seguindo o percurso do Freamunde, clube onde diz ter encontrado “uma segunda família”. As redes sociais permitem-lhe manter o contacto com um grupo que faz questão de celebrar cada golo com uma camisola de Filippi bem erguida. Um gesto que não só emociona o jogador como “lhe dá ainda mais força para recuperar rapidamente”. “A primeira vez que o fizeram, eu estava no estádio e senti muito orgulho nos meus colegas. Tive vontade de chorar de alegria”, recorda.
Sempre com uma atitude muito positiva, olha para o futuro com um objetivo bem definido. “Gostaria de regressar a Freamunde para tentar retribuir tudo o que têm feito por mim. E se não voltar para jogar, quero pelo menos ter a oportunidade de voltar a estar com os meus amigos.” Ligado contratualmente ao Colón de Santa Fé até 2018, vai contando os dias para voltar a fazer o que mais gosta, até porque o futuro nunca foi preparado com um plano B. “Sim, é verdade. Nunca me vi a fazer mais nada, embora tenha estudado Marketing.” Fora de questão está abraçar a engenharia a que se dedicam os dois irmãos. Seja como for, o futuro terá de esperar.
“A primeira vez que me dedicaram um golo, senti muito orgulho nos colegas. Quis chorar de alegria”
Filippi
Médio do Freamunde