“Mês no FC Porto ajudou-me”
Treinador tirou lições positivas da experiência no então campeão europeu. O problema foi tentar mudar
Contratado em 2004 para suceder a José Mourinho, que após a conquista da Liga dos Campeões pelo FC Porto rumou ao Chelsea, Luigi Del Neri passou apenas um mês no comando técnico dos dragões
A rescisão com Del Neri deu-se ainda antes de a época arrancar, com o italiano a alegar razões pessoais para voltar ao seu país, enquanto os dragões se escudaram no período de experiência, de precisamente um mês, para evitarem indemnizá-lo. Ainda assim, o italiano vê coisas positivas nessa passagem.
O que recorda do mês em que esteve no FC Porto?
—Foi uma experiência importante. Foi difícil porque eu vinha de uma cidade e uma equipa muito pequena, o Chievo, e treinar os campeões da Europa, no pós-Mourinho, não seria fácil para ninguém. Penso que naquele ano tiveram três ou quatro treinadores, não fui o único. Era preciso mudar a equipa e a mentalidade, e isso é sempre complicado. Aconteceu o mesmo, por exemplo, no primeiro ano pós-Mourinho no Inter, em que também foram campeões europeus. Aconteceu no FC Porto e em tantas equipas que vencem... até no Real Madrid.
Falou-se numa rebelião de jogadores...
—Tivemos uma reunião em Nova Iorque, uma noite, e conversámos, mas foi normal, nada de especial. A razão não foi essa, mas sim a dificuldade de entrar numa equipa ganhadora e impor muitas ideias novas. Além disso, não contei desde o início com os jogadores internacionais, que chegaram mais tarde por terem estado no Euro’2004. Às vezes quer-se mudar mas não é possível, mais ainda tratando-se de um modelo vencedor.
Acha que esse mês no FC Porto, apesar de tudo, ajudou a sua carreira? É que depois passou por equipas maiores do que o Chievo...
—Sim, sim, ajudou-me. Depois estive no Roma, Juventus, Sampdória, com a qual fui à Champions. Foi importante para conhecer ambientes e realidades diferentes, aperceber mede coisas boas e más. Tudo são ensinamentos para mim, mesmo o que é negativo. Deixando as questões de futebol de lado, mantive uma boa relação com as pessoas, com os dirigentes que continuam no FC Porto e a quem, por vezes, envio felicitações. As coisas correram mal, mas nunca foram questões pessoais, guardo as melhores recordações.